O contador catarinense Mauro Fornazari foi sábado (23) para Machu Picchu para passear e, na última noite, teve de dormir com mais oito pessoas em dois colchões. Ele, a mulher e os dois filhos estão ilhados na região há três dias, quando fortes chuvas bloquearam as saídas da cidade peruana de Aguas Calientes. Em entrevista ao site G1, por telefone, ele disse que o dinheiro está acabando, as pessoas estão dormindo nas ruas e que a chuva não para.

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O governo peruano havia afirmado que retirará os turistas - cerca de 2 mil - por helicóptero. Mas, segundo Fornazari, até a hora da entrevista nenhum helicóptero havia descido na região. "Houve um que sobrevoou na tarde de ontem, mas não chegou a pousar", confirmou a tradutora Maria Carolina Cordova, que está com seis amigos na cidade. Eles chegaram da trilha para o passeio em Machu Picchu nesta segunda e, desde então, foram informados de que não poderiam voltar. "Estamos dormindo num centro cultural. Deve ter umas 100 pessoas aqui. Há idosos, crianças, famílias inteiras. As pessoas estão com medo pois não para de chover e dizem que o rio pode subir e inundar a cidade. Maria Carolina disse que viu até gente vendendo papelões para dormir. "Custa R$1,50!"

O catarinense disse que viu pessoas dormindo nas ruas pela cidade. "Vi brasileiros dormindo embaixo da marquise, em barracas, em todos os lugares."

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Fornazari afirmou que tentou falar com o consulado brasileiro, mas não obteve nenhuma resposta. Ele não sabe o que fará para dormir essa noite. "Tentaremos renovar para dormir nessa casa em que estamos. Nem sei dizer o que é, é uma casa que a guia conseguiu para nós. Dormimos nove pessoas em um quarto com dois colchões."

O contador disse que os guias decidiram ir até a ferrovia para avaliar se é possível passar a pé. A caminhada demora cerca de sete horas.

As chuvas provocaram deslizamentos de terra, inundando dezenas de casas em algumas regiões de Cusco, e em outras afetaram a única ferrovia que leva a Machu Picchu, que está 1.100 quilômetros a sudeste de Lima.

Dinheiro e comida

Maria Carolina disse que os restaurantes são caros e que o dinheiro das pessoas está acabando. "Estamos tentando ir nos lugares que aceitam cartão de crédito, mas são poucos lugares". Fornazari também disse que o dinheiro será um problema em breve. "Não se consegue mais fazer troca nas casas de câmbio. Aqui é um lugar turístico e tudo é muito caro. Estamos achando alternativas. Agora de manhã estamos tomando chá de maça com um pedaço de bolo. A gente vê até um pouco de exploração por parte das pessoas daqui, cobrando mais do que o normal que já era caro. Uma garrafa de dois litros de água está saindo 5 solis [cerca de R$ 3,2]. "

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Parentes

Marcelo Godoy, proprietário da agência de viagens El Dorado, especializada no trajeto a Machu Picchu, disse que a situação é preocupante, mas deve se resolver logo. Por sua agência estão seis turistas presos na cidade de Aguas Calientes, entre eles a família Fornazari, e outros seis que estão nesse momento na trilha inca. Godoy afirmou que mantém contato com todos os 12 viajantes e que eles estão bem.

"Desde a madrugada os parentes estão ligando para saber informações. A situação é preocupante, mas não há ninguém ferido e ninguém perdido. O governo disse que ia retirar os turistas de helicóptero. O trecho que desabou é da ferrovia que fica entre Cusco e Macho Picchu."