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O ator Clint Eastwood aponta para cadeira vazia, como se dirigisse ao presidente Obama | Jason Reed/Reuters
O ator Clint Eastwood aponta para cadeira vazia, como se dirigisse ao presidente Obama| Foto: Jason Reed/Reuters

Reação

Conversa com "Obama invisível" recebe críticas em Hollywood

O diálogo do ator Clint Eastwood com um "Obama invisível" foi alvo de críticas na indústria do espetáculo, ontem. "Que coisa é essa que Clint Eastwood acaba de fazer? Como permitiram que isso acontecesse?", escreveu a atriz Mia Farrow em sua conta no Twitter.

O cineasta Michael Moore, conhecido por seu estilo ácido, escreveu no jornal The Daily Beast: "Clint Eastwood foi capaz de levar a dezenas de milhões de espectadores a principal mensagem da convenção republicana deste ano: ‘Somos delirantes e estamos fora da realidade’".

Zachary Quinto, a estrela de Jornada nas Estrelas, escreveu também no Twitter: "Supõe-se que Clint vai dar confiança aos republicanos? Eu estou legitimamente assustado de vê-lo conversando com um Obama imaginário".

O sindicato de atores americanos (SAG) procurou se desvencilhar da polêmica. "Não apoiamos ou contribuímos com partidos políticos nem candidatos e não comentaremos este assunto", escreveu a porta-voz do SAG, Pamela Greenwalt.

  • Foto postada no Twitter de Obama em resposta à brincadeira do ator e diretor Clint Eastwood

No único momento de improviso em uma convenção que se estendeu por três noites milimetricamente planejadas, o ator e diretor de cinema Clint Eastwood roubou a cena, provocou gargalhadas e causou constrangimentos à campanha de Mitt Romney. Nas expressões assustadas e no riso nervoso de assessores e parentes do candidato ficou claro que a situação havia saído de controle. Aprovado sem ensaio nem texto, o esquete de Eastwood conversando com uma cadeira vazia, na qual imaginariamente estaria sentado o presidente Barack Obama, tinha tempo previsto de 5 minutos, mas se estendeu por quase 15, na faixa de horário nobre em que a convenção era transmitida pelas redes de tevê aberta.

"Tenho o senhor Obama sentado aqui e vou fazer algumas perguntas a ele. Sabe, me lembro de quando o senhor Obama ganhou a eleição há três anos e meio e eu não era um grande fã", começou Eastwood.

A plateia reagiu com risos e aplausos, mas também com espanto. Durante a apresentação de Eastwood, o Twitter viveu um tsunami de comentários que, em muitos casos, se resumiam a um OMG! (Oh, my God!) que dizia tudo. O assunto dominou as mídias sociais durante as horas seguintes e todo o dia de ontem, ofuscando a repercussão do discurso de Romney, no maior momento de sua carreira política.

Obama foi rápido e bem-humorado em sua resposta. Pouco depois da meia-noite, postou no Twitter uma foto da cadeira de presidente na qual ele está sentado, em uma reunião na Casa Branca, com a frase: "Este lugar está ocupado". Uma conta foi criada no Twitter com o nome "Invisible Obama" e ganhou 39 mil seguidores, antes de ser suspensa na manhã de ontem.

Ex-prefeito de Carmel, na Califórnia, Eastwood, 82 anos, é uma das maiores celebridades republicanas e, aparentemente, esta condição lhe garantiu uma carta branca que não foi concedida a nenhum dos outros participantes da convenção. Desde o início das transmissões ao vivo pela tevê, as convenções políticas norte-americanas se tornaram eventos com roteiro rígido.

Eastwood era um convidado-supresa cuja presença só foi confirmada pouco antes do show para garantir o máximo impacto. No entanto, a forma e o conteúdo foram as maiores surpresas. Minutos antes de entrar em cena, Eastwood pediu à produção que colocasse uma cadeira no palco, sem explicar o motivo. E, na entrevista, ele fez perguntas ao "presidente Obama invisível" que são claramente embaraçosas para a linha política do Partido Republicano, questionando quando Obama vai fechar a base militar de Guantánamo e tirar as tropas do Afeganistão. Ele também chamou o presidente de "absolutamente maluco" e simulou uma conversa grosseira com seu entrevistado ausente.

"O que você quer que eu diga a Romney? Não posso fazer isso. Não posso dizer a ele que faça isso a si mesmo ", disse Eastwood.

Assessores de Romney evitavam assumir a responsabilidade pela decisão de dar tamanha liberdade ao convidado, e se limitavam a dizer que "Clint Eastwood é um ícone da cultura americana".

Em entrevistas nas principais redes de tevê ontem, a mulher de Romney, Ann, teve que usar toda a sua elegância para se esquivar de comentários. Ela disse que foi surpreendida pela participação do ator, mas que o casal Romney agradecia a presença de todos que foram levar seu apoio.

"Ele (Eastwood) é um homem único e fez uma coisa única no palco ontem", disse.

A assessoria do ator disse que ele estava viajando e não estaria disponível para entrevistas antes de começar a promover seu novo filme.

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