O aquecimento global provocará efeitos enormes sobre a vida na Terra. Levará a secas mais fortes em lugares onde já falta água e a chuvas mais constantes em lugares úmidos. Cerca de 30% da biodiversidade do planeta estaria ameaçada de extinção com um avanço da temperatura acima de 2 graus centígrados. Haverá perdas nas lavouras de diversos lugares e há risco de milhões de pessoas serem atingidas por alagamentos em cidades costeiras. "Os fenômenos climáticos vão ficar mais intensos e mais frequentes. Outros efeitos dependem da intensidade do aquecimento", diz Antonio Ocimar Manzi, pesquisador do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa).

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"Algumas áreas ficarão mais pobres em biodiversidade. Há também um risco alto de redução da população de peixes por causa da morte dos recifes de corais. A agricultura em vários locais vai ficar mais dependente da irrigação", destaca Carlos Rittl, coordenador do programa de mudanças climáticas e energia do WWF-Brasil.

Exemplos dos efeitos do aquecimento não faltam. O imponente urso polar pode ver seu hábitat simplesmente derreter. Várias espécies de plantas terão dificuldade em sobreviver a climas mais quentes. É o caso do café, cujo plantio em algumas áreas do Sudeste do Brasil pode ficar inviável. Com as temperaturas mais altas, espera-se também a propagação de insetos que transmitem doenças como dengue e malária.

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Os pesquisadores trabalham com três efeitos principais no Brasil. Deve chover mais nas regiões Sul e Sudeste. No Nordeste, o semi-árido pode virar um deserto por causa da redução da umidade. A parte l este da Amazônia pode se tornar uma savana – vegetação com árvores baixas, como no cerrado brasileiro.

"É provável que a área central do Nordeste fique inabitável. No Sul, não descartamos a ocorrência de ciclones fortes, que possam evoluir para a categoria de furacão, como ocorreu com o Furacão Catarina, em 2004", afirma Marcos Sanches, pesquisador do CPTEC/Inpe. Até 32 milhões de pessoas teriam de deixar o semi-árido nordestino nos cenários mais pessimistas. Também não são descartados pelos cientistas períodos prolongados de seca na região amazônica, como o registrado em 2005.