ONU condena violência usada contra manifestantes no Cairo
Em carta-renúncia enviada ao presidente interino, Adly Mansour, ElBaradei disse que "os beneficiários do que aconteceu hoje são aqueles que pedem por violência, terrorismo e os grupos mais extremistas"
Governo egípcio decreta estado de emergência por um mês
O governo egípcio decretou nesta quarta-feira o estado de emergência em todo o país durante um mês a partir das 16h locais (11h de Brasília), após os conflitos das últimas horas em várias províncias.
Três jornalistas morrem em tumultos no Egito
Três jornalistas (um cinegrafista TV inglesa Sky News, um repórter de um jornal de Dubai e um repórter de um jornal egípcio) estão entre os 278 mortos na campanha de repressão aos protestos pela restauração da democracia no Egito nesta quarta-feira.
Pelo menos 278 pessoas morreram e mais de duas mil ficaram feridas na campanha de repressão das forças de segurança do Egito contra os manifestantes que exigem a restauração da democracia no país, informaram autoridades locais nesta quarta-feira. Dos 278 mortos, 235 eram civis e 43, policiais.
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Ao mesmo tempo, 2.001 pessoas foram socorridas por ferimentos sofridos durante a repressão, disse um porta-voz do Ministério da Saúde do Egito à agência estatal de notícias Mena.
A violência tomou conta do Cairo e de diversas cidades do Egito na manhã desta quarta-feira, depois de a polícia ter usado veículos blindados, tratores e helicópteros para desmantelar dois acampamentos de protesto na capital pela restauração do presidente deposto Mohammed Mursi.
Primeiro presidente eleito democraticamente na história egípcia, Mursi foi deposto em um golpe militar em 3 de julho.
Nas horas que se seguiram à repressão, o governo interino do Egito declarou estado de emergência nacional e impôs um toque de recolher noturno válido para o Cairo e mais dez províncias nas quais Morsi goza de amplo apoio popular.
Além dos 235 civis, 43 policiais morreram em choques com manifestantes, informou o ministro de Interior Mohammed Ibrahim. Dois generais e dois coronéis figuram entre os policiais mortos, enquanto dois profissionais de imprensa estrangeiros estão entre os civis mortos.
Segundo Ibrahim, partidários do presidente deposto atacaram 21 delegacias e depredaram sete igrejas em diferentes partes do país. Os manifestantes também invadiram a sede do Ministério das Finanças do Egito e ocuparam o piso térreo.
Confrontos levam ElBaradei a deixar Vice-Presidência
O ganhador do Prêmio Nobel da Paz Mohamed ElBaradei apresentou nesta quarta sua renúncia ao cargo de vice-presidente do Egito. A saída de um dos líderes da retirada do presidente Mohammed Mursi, em julho, acontece após a violência durante a operação que desmontou acampamentos de islamitas.
Em carta-renúncia enviada ao presidente interino, Adly Mansour, ElBaradei disse que "os beneficiários do que aconteceu hoje são aqueles que pedem por violência, terrorismo e os grupos mais extremistas".
"Como você sabe, eu acreditava que havia maneiras pacíficas de encerrar este confronto na sociedade, havia soluções propostas e aceitáveis que nos levariam ao consenso nacional", escreveu.
"Ficou difícil para mim continuar a ter responsabilidade por decisões com as quais eu não concordo e cujas consequências eu temo. Não posso carregar a responsabilidade por um derramamento de sangue".
ElBaradei assumiu o cargo em 14 de julho, após convite do chefe militar Abdel Fattah al-Sisi. Um dos principais líderes da Frente de Salvação Nacional, foi opositor do presidente Mohammed Mursi. Ele ganhou o Prêmio Nobel da Paz em 2005, por seu período como chefe da Agência Internacional de Energia Atômica.
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