A indicação de um novo líder para formar um governo nacional interino não acalmou os egípcios, que nesta manhã já se preparavam para os protestos batizados de "Sexta-feira da Última Chance". A instabilidade no país levou a Casa Branca a se pronunciar nesta sexta-feira, pedindo aos militares que abram caminho "o mais rápido possível" para um governo civil.O dia começou ainda sob uma calma tensa na Praça Tahrir, onde vão se concentrar as manifestações contra o governo militar após as rezas do meio-dia. Mas uma marcha programada por partidários dos militares no bairro de Abassiya, a três quilômetros da praça, promete agravar a tensão na capital do país, que terá eleições parlamentares na segunda-feira.
O número de mortos na onda de violência detonada por protestos no fim de semana subiu para 41, incluindo 33 no Cairo, disse nesta sexta-feira Hisham Shiha, do ministério da Saúde do Egito. Mais de 3.250 pessoas ficaram feridas nos confrontos, que levaram a renúncia do gabinete civil que era liderado pelo primeiro-ministro Essam Sharaf.
Sob indicação do Conselho Supremo das Forças Armadas, o ex-premier Kamal al-Ganzouri, que integrou o regime de Hosni Mubarak entre 1996 e 1999, aceitou, segundo fontes próximas, formar um novo governo. Mas, assim como o pedido de desculpas pelas mortes apresentado pelos militares, a medida não desmobilizou os manifestantes. Eles ainda exigem que os militares entreguem o poder aos civis imediatamente.
El Baradei na Praça Tahrir
Cotado para ser o futuro presidente do país, o ex-chefe da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), Mohamed ElBaradei, será uma das milhares de pessoas reunidas na capital. Em seu twitter, ele escreveu: "a caminho da Tahrir para prestar minha homenagem aos mártires. O sacrifício não será em vão. Juntos vamos prevalecer".
Também estão previstos protestos em outras cidades do país, como Alexandria e Suez. A Irmandade Muçulmana, principal força da oposição no Egito, decidiu ficar fora da "Sexta-feira da Última Chance". Mas o grupo convocou uma manifestação na mesquita al-Azhar, o que deve complicar a situação no Cairo.
EUA defendem "aspirações legítimas"
Com atuação discreta desde o início da nova crise no Egito, já chamada de "segunda revolução", os EUA se posicionaram nesta sexta ao lado dos manifestantes. Além de afirmar que o país lamenta a perda de vidas durante os protestos, o secretário de imprensa da Casa Branca, Jay Carney, cobrou pressa da junta militar.
"A plena transferência de poder para um governo civil tem de ocorrer de uma maneira justa e inclusiva que responda às legítimas aspirações do povo egípcio, tão logo quanto possível", afirmou Carney.
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