O líder oposicionista egípcio Mohamed ElBaradei disse, em entrevista publicada nesta sexta-feira, que não está claro quem está no comando do país. Ex-chefe da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), ele pediu que o Exército apoie a transição para a democracia no Egito. "Quem está realmente no poder neste momento eu não posso dizer. Eu não posso dizer quais relações há entre Mubarak, o vice-presidente Suleiman e os vários braços do Exército. É muito pouco transparente", afirmou ElBaradei, que já ganhou o Nobel da Paz.
Ele deu a entrevista ao jornal austríaco Die Presse pouco antes de o presidente Hosni Mubarak anunciar, em discurso na noite de quinta-feira, que iria delegar parte de seu poder ao vice-presidente, Omar Suleiman. Mubarak afirmou, porém, que pretende ficar no cargo até setembro, quando ocorrem eleições no país. ElBaradei disse que a transferência de poder para Suleiman, ex-chefe do serviço de espionagem egípcio, não satisfará os manifestantes.
O líder oposicionista quer que o regime entregue o poder a um conselho executivo de três membros e a um governo de união nacional, formado por tecnocratas e não por políticos. Segundo ele, o novo governo deve ter um ano para realizar uma nova Constituição, temporária, e preparar eleições livres. O dissidente não quis dizer se pode concorrer à presidência.
Deserção
Três membros do Exército egípcio entregaram suas armas e uniformes hoje a fim de se unir aos milhares de manifestantes para pedir o fim do governo de Mubarak, disseram testemunhas. "Eles se uniram à multidão, sorrindo, e cantaram slogans pedindo a queda do regime", afirmou o estudante Omar Gamal à France Presse, na Praça Tahrir, no Cairo, epicentro dos protestos.
Um repórter da France Presse viu um soldado falando à multidão aos gritos. Os manifestantes passaram a manhã cantando para o Exército se unir aos oposicionistas do regime. As manifestações pelo Egito começaram em 25 de janeiro, deixando 300 mortos e muitos feridos e presos. As informações são da Dow Jones.
- Militares tentam pôr fim à crise no Egito; protestos continuam
- Governo do Egito está no "caos total", diz político egípcio
- Suleiman pede a manifestantes que "vão para casa"
- Governo americano apoia transição no Egito
- ElBaradei pede para Exército salvar o Egito
- Mubarak não renuncia e frustra manifestantes no Egito
Clima e super-ricos: vitória de Trump seria revés para pautas internacionais de Lula
Nos EUA, parlamentares de direita tentam estreitar laços com Trump
Governo Lula acompanha com atenção a eleição nos EUA; ouça o podcast
Pressionado a cortar gastos, Lula se vê entre desagradar aliados e acalmar mercado
Deixe sua opinião