Às vésperas de uma rodada decisiva de prévias na disputa republicana à Casa Branca, o empresário Donald Trump anunciou o apoio do médico Ben Carson, que abandonou a corrida, e ensaiou um tom mais ameno que poderá adotar caso seja o candidato.
Ele disse que independentes e democratas estão o apoiando por “entusiasmo” e “amor”, em contraste com o desdém que usou como retórica até agora. “O ‘establishment’ deveria endossar o que está acontecendo.”
Em meio à crise causada pela ascensão de Trump, o presidente do Partido Republicano, Reince Priebus, fez uma declaração conciliadora momentos antes do debate, realizado na quinta-feira (10), na Universidade de Miami.
Aliado de Trump é preso por agredir manifestante negro em comício
“O Partido Republicano vai apoiar o candidato, quem quer que seja ele, não há dúvida quanto a isso”, afirmou, conclamando a união entre os diferente grupos, inclusive o movimento de extrema direita Tea Party.
“Vocês podem concordar comigo ao menos que qualquer um desses quatro pré-candidatos será muito melhor que [os presidenciáveis democratas] Hillary Clinton ou Bernie Sanders?”
Os demais pré-candidatos também evitaram os ataques pessoais de baixo calão que dominaram eventos anteriores, a ponto de Trump dizer que não “podia acreditar no quão civilizada” estava a discussão, 40 minutos após o início.
Imigração
Os senadores Ted Cruz (Texas), segundo colocado, e Marco Rubio (Flórida), terceiro, realçaram a ascendência cubana, de olho nos latinos, que compõem quase um quinto do potencial eleitorado na Flórida.
O Estado e outros quatro realizarão prévias republicanas na terça-feira (15), em uma rodada decisiva que poderá levar à desistência de Rubio e do governador John Kasich, de Ohio, que está em quarto na corrida, caso eles não se saiam bem em casa.
Os republicanos concordaram com a necessidade, segundo eles, de os Estados Unidos endurecerem o controle nas fronteiras.
“Comércio e imigração estão interligados e ambos prejudicam os trabalhadores e trabalhadoras desse país”, afirmou Cruz, que nasceu no Canadá, filho de pai cubano e mão americana.
“Estamos trazendo trabalhadores pouco qualificados, o que está derrubando os salários de americanos que dão duro. Fora isso, temos um sistema que permite que milhões permaneçam ilegalmente.”
Ao comentar um tipo de visto, o H1B, usado por exemplo pela Disney, Rubio afirmou que é uma manobra para substituir trabalhadores e consiste em “violação da lei”. “Eles estão terceirizando a divisão de tecnologia inteira por uma empresa de consultoria. É uma lacuna que eles identificaram que precisamos tapar para impedi-los.”
Trump admitiu empregar imigrantes por meio do H1B em seus empreendimentos, postura criticada pelos adversários pela incoerência com seu discurso a favor de um muro na fronteira com o Mèxico e da deportação dos quase 12 milhões de imigrantes sem documentos no país.
“Sou um homem de negócios, eu faço o que tenho de fazer”, disse. “Eu não deveria ser autorizado. É muito, muito ruim para os trabalhadores.”
Dos 1.237 delegados necessários para se obter a candidatura republicana, Trump tem 458, seguido por Cruz, com 359. Rubio tem menos da metade, 151, e Kasich, 54. Os delegados são membros do partido que elegerão o candidato na convenção, em julho.
Aliado de Trump é preso por agredir manifestante negro em comício
Um homem branco de 78 anos que participava de um comício de Donald Trump em Fayetteville, na Carolina do Norte, na noite de quarta-feira (9), foi preso depois de dar um soco na cara de um manifestante negro.
A agressão aconteceu enquanto o grupo que protestava contra o pré-candidato republicano era retirado do ginásio do evento. Quase na saída, o aposentado John McGraw atingiu Rakeem Jones, 26, que era carregado por seguranças.
As imagens foram gravadas por diversas pessoas na plateia e divulgadas nas redes sociais. A maioria dos internautas reagia com indignação, especialmente porque o idoso não foi preso em flagrante pela polícia.
Nesta quarta, os agentes prenderam McGraw e o acusaram de lesão corporal. Ele deixou a cadeia após pagar uma nota promissória de US$ 2.500 (R$ 9.100), a fim de assegurar sua presença no primeiro depoimento, em 6 de abril.
Em entrevista ao programa “Inside Edition”, da CBS, o apoiador do magnata disse que o manifestante mereceu o soco. “Da próxima vez que nós o vermos, deveríamos matá-lo. Não sabemos quem é, talvez seja de um grupo terrorista”.
McGraw ainda afirmou que Jones não “atuava como um americano” e que não se sabe se o manifestante fazia parte do Estado Islâmico. O manifestante declarou estar satisfeito com a prisão do apoiador de Trump.
Jones ainda criticou a polícia local por permitir o soco do espectador e por agredi-lo durante a saída do ginásio onde ocorria o comício. “A polícia pulou em cima de mim como se eu fosse um dos que atacavam [Trump]”, disse.
A polícia abriu uma sindicância interna para avaliar o comportamento dos agentes. A porta-voz de Donald Trump, Hope Hicks, disse que a agressão foi infeliz, mas que a campanha “não controla” o comportamento dos apoiadores.
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