Em novo artigo, publicado nesta terça-feira na imprensa oficial cubana, o ditador cubano Fidel Castro criticou os pré-candidatos democratas à Presidência dos EUA, Hillary Clinton e Barack Obama e relembrou as relações de Cuba com alguns dos presidentes americanos que passaram pela Casa Branca desde a vitória da Revolução Cubana. O texto, intitulado "A submissão à política imperial", é o segundo assinado por Castro desde que se intensificaram os rumores sobre a sua morte na imprensa americana, na semana passada.
"Hoje se fala que uma dupla aparentemente invencível poderia ser criada com Hillary presidente e Obama vice. Ambos se sentem no dever sagrado de exigir 'um governo democrático em Cuba'. Não estão fazendo política, estão jogando cartas em um domingo à tarde", escreveu Fidel, atacando Hillary por ser "a herdeira de Clinton" e Barack Obama "por suas demandas de um governo democrático" para Cuba.
O chefe da revolução cubana descarta ainda que o ex-vice-presidente Al Gore se lance à corrida presidencial, e lembra que, "quando ele foi candidato, certamente cometeu o erro de suspirar por uma Cuba democrática".
Na reflexão publicada na primeira página do jornal oficial "Granma", o líder cubano - que se recupera há 13 meses de uma grave doença que o mantém afastado do poder - o líder cubano afirma que James Carter foi o único presidente dos EUA que, "por motivos ético-religiosos, não foi cúmplice do brutal terrorismo contra Cuba". Também ressalta que Gerald Ford - a quem se refere como um "presidente simbólico", porque substituiu Richard Nixon após o escândalo do Watergate - "proibiu a utilização de funcionários dos Estados Unidos para assassinar dirigentes cubanos" ( Um ano sem Fidel no poder ).
Sistema eleitoral
Fidel também critica o sistema eleitoral americano que, segundo ele, permite "ter uma minoria de votos e ganhar a Presidência. Foi o que aconteceu a Bush. Contar com a maioria e perder a Presidência foi o que aconteceu com Gore".
Por isso, acrescenta a importância do Estado da Flórida - onde se concentra o maior número de exilados anticastristas -, que deu a vitória a Bush, mas, em seu caso, "foi necessária também a fraude eleitoral".
Com o apoio de Clinton, lembra, foi aprovada a Lei Helms-Burton, que intensificou o embargo imposto contra a ilha em 1962, após o "pretexto" da derrubada de dois aviões da organização anticastrista Irmãos ao Resgate que sobrevoavam Havana, em 24 de fevereiro de 1996. Segundo Fidel, em 10 fevereiro daquele ano, o legislador Bill Richardson afirmou que Clinton deu a ordem para que fossem suspensos os vôos da Irmãos ao Resgate.
"Parece certo que Clinton deu a ordem de que esses vôos fossem suspensos, mas ninguém fez caso", afirma o líder cubano.
Solução
O chefe da revolução explica que, após a crise migratória de 1994, Carter "queria atuar na busca de uma solução", mas Clinton não aceitou e chamou Carlos Salinas de Gortari, então presidente do México, para que cooperasse na busca de uma saída satisfatória ao problema.
"Foi como se chegou a um acordo de princípio" com Clinton, que incluía "a idéia de colocar fim ao bloqueio econômico", afirma Fidel, que reconhece que o ex-presidente democrata foi "amistoso e inteligente" ao defender a devolução a Cuba do menino Elián González.
Em sua nova reflexão, Fidel se remonta ao presidente Eisenhower, "nada oposto ao terrorismo anticubano, mas o iniciador", e lembra que, para zombar dele, o guerrilheiro cubano-argentino Ernesto Che Guevara e ele mesmo tiraram fotos jogando golfe, um esporte "oneroso" sobre o qual ambos não tinham muita idéia.
Fidel, que não é visto em público há mais de uma ano e apareceu na TV cubana pela última vez em 5 de junho, continua publicando toda semana suas "reflexões do Comandante" no Granma, o jornal do governista Partido Comunista.
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