Em mais um dia de tensões em Jerusalém e na Cisjordânia, dois jovens palestinos morreram nesta terça (22) na região de Hebron, o que fez crescerem os temores de escalada da violência à medida que se aproximam as principais festas judaica e muçulmana.

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Na cidade de Hebron, uma palestina de 18 anos, identificada como a estudante universitária Hadeel al-Hashlamon, foi alvo de tiros das forças de Israel depois de, segundo o Exército, ter tentado esfaquear um soldado israelense. Encaminhada a um hospital da região, ela morreu pouco tempo depois. O soldado não se feriu.

Mais cedo nesta terça, em um vilarejo nas proximidades da cidade da Cisjordânia, o palestino Dia al-Talameh, 21, foi encontrado morto.

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De acordo com o Exército de Israel, Talameh morreu ao manipular um artefato explosivo que pretendia lançar contra um veículo com soldados. As forças de segurança palestinas negam e dizem que o jovem foi atingido por tiros israelenses.

Na aldeia de Dura, centenas de pessoas responderam ao chamado dos alto-falantes para acompanhar até o cemitério o caixão de Talameh. O corpo do palestino foi tratado como o de um “mártir combatente”, envolto em uma mortalha e em uma bandeira da organização Jihad Islâmica.

“Estou muito orgulhoso de meu filho, espero que um mártir saia de cada casa palestina”, disse sua mãe, sem revelar seu nome.

Em Hebron, cerca de 500 colonos israelenses vivem entre os palestinos atrás de cercas de arame farpado e torres de vigilância.

Mobilização policial

A polícia israelense foi colocada em alerta para as festas do Yom Kippur, judaica, até quarta-feira (23) à noite, e do Eid al-Adha, islâmica, que começa na quinta-feira (24) de manhã e dura três dias. A Esplanada das Mesquitas, local sagrado tanto para o islamismo quanto para o judaísmo, é motivo de especial preocupação.

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A polícia anunciou a mobilização de milhares de homens como preparação para as festas, que devem atrair uma multidão de fiéis à Cidade Velha.

Na semana passada, houve três dias consecutivos de confrontos na região entre palestinos e a polícia israelense. A violência se espalhou para diferentes bairros em Jerusalém e na Cisjordânia.

A Esplanada fica em Jerusalém Oriental, a parte palestina da cidade ocupada por Israel em 1967. Regras tácitas permitem que os muçulmanos tenham acesso ao local por todo o dia, enquanto os judeus só podem permanecer por algumas horas.

Mas as transgressões dessa proibição por alguns judeus, bem como um discurso cada vez mais audível sobre a soberania de Israel no local, enfurecem os palestinos.

“Eles querem assumir o controle de Al-Aqsa (mesquita de mesmo nome da Esplanada), mas isso não vai acontecer”, disse o palestino Samah, 27, à agência de notícias AFP. “Vamos ficar aqui, mesmo que por anos. Al-Aqsa nos pertence”, acrescentou ele.

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Nesta terça, segundo a polícia de Israel, cerca de 370 pessoas, incluindo 150 judeus, visitaram a Esplanada sem incidentes.

Preocupação internacional

A comunidade internacional acompanha a situação de perto, preocupada com os riscos de uma possível nova escalada da violência.

Após reunião em Paris com o presidente da ANP (Autoridade Nacional Palestina), Mahmoud Abbas, o presidente da França, François Hollande, fez um apelo a favor do “apaziguamento, da calma e do respeito aos princípios”.