O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, completa nesta quarta-feira (20) um ano na liderança do país. Uma pesquisa divulgada pelo jornal "The Wall Street Journal" para marcar a data mostra que, entre os eleitores, há menos otimismo sobre a capacidade de o líder ter sucesso em seu trabalho. A sondagem revela, pela primeira vez, que a maioria desaprova o trabalho do presidente na área de seguro-saúde.
De acordo com a pesquisa, apenas 22% dos eleitores se mostraram "otimistas e confiantes" sobre a presidência de Obama, uma queda de dez pontos em comparação com um ano atrás. Mostraram-se "pessimistas e preocupados" sobre a presidência do democrata 27% comparado com apenas 9% há um ano, quando muitos pensavam que Obama lideraria o país rumo à recuperação econômica. Três quartos dos entrevistados disseram gostar de Obama.
Em geral, 48% aprovam o trabalho do líder norte-americano, enquanto 43% o desaprovam. Os números são similares aos do mês passado, mas caíram bastante em comparação com o apoio de 60% no início do mandato. Os números refletem a persistente dificuldade na economia, com o desemprego na casa dos 10% e com muitos norte-americanos criticando os pacotes para ajudar Wall Street e o setor automotivo.
A sondagem, realizada em parceria do diário com a NBC News, mostra um clima político cada vez mais difícil para Obama, que tenta avançar em sua agenda, na reforma do sistema de saúde e em outros projetos. Além disso, a situação tentará manter neste ano sua liderança na Câmara dos Representantes e no Senado.
Parlamento
Nacionalmente, a pesquisa sugere que os eleitores se dividem sobre quem deve comandar o Parlamento, após as eleições de novembro. É a primeira vez que os democratas não ficam à frente nesse quesito desde dezembro de 2003. Além disso, os republicanos se mostram mais animados que os democratas para votar em novembro (o voto é opcional no país). Entre os pesquisados, 55% dos republicanos se mostraram "muito interessados" na disputa, enquanto entre os democratas esse nível era de 38%.
As dificuldades pela frente, aliás, ficaram claras nas eleições especiais, ontem, quando a sigla de Obama perdeu a disputa por uma vaga no Senado, no Estado de Massachusetts. A cadeira do falecido veterano democrata Edward Kennedy ficará com um conservador, o republicano Scott Brown, em um Estado norte-americano historicamente de maioria democrata.
Em Massachusetts, Brown conseguiu vencer após largar atrás nas pesquisas, apresentando-se como o voto capaz de bloquear a reforma do seguro-saúde. Com a posse dele, a situação perderá sua maioria de 60 cadeiras na Casa, capaz de impedir manobras protelatórias da oposição.
Condições difíceis
Um dos encarregados da pesquisa, Peter Hart, que costuma trabalhar para os democratas, notou que Obama assumiu em circunstâncias extremamente difíceis. Segundo ele, as expectativas sobre o líder eram próximas às do ex-presidente Franklin Roosevelt, que liderou o país para superar a Grande Depressão e ainda na vitória na Segunda Guerra. Hart afirmou, porém, que até o momento o governo esteve "muito mais ordinário" que o esperado. "Eles gostam dele, mas o segundo ano determinará se o verão como um líder para resolver nossos problemas ou só alguém charmoso, carismático e boa pessoa.
Outro responsável pela pesquisa foi Bill McInturff, que geralmente trabalha para o Partido Republicano. A sondagem ouviu mais de 2 mil eleitores, em dezembro e janeiro, por todo o país. Talvez o dado pior para Obama e os democratas nessa sondagem é que os independentes estão cada vez mais descontentes com o atual governo. Esse bloco apoiou os democratas em 2006 e 2008. Agora, por uma margem de quase 2 para 1, os independentes afirmam que preferem os republicanos no controle do Congresso após as eleições de novembro.
Ainda assim, a queda na avaliação dos democratas não significa mais apoio aos republicanos. Apenas 30% dos eleitores independentes avaliam positivamente o Partido Republicano, em comparação com 39% em relação ao Partido Democrata. Talvez o sentimento de muitos eleitores sobre os dois partidos em Washington possa ser resumido por um dos participantes da pesquisa, Steve Walker, um aposentado de 67 anos de New Port Richey, Flórida: "Todo filho-da-mãe que está lá há mais de quatro anos precisa dar o fora."
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