O vice-presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, prometeu nesta sexta-feira (8) lealdade e continuidade ao presidente Hugo Chávez, em discurso emocionado durante o funeral do mandatário, na Academia Militar de Caracas. Maduro assumirá o controle do país na noite desta sexta, após juramento ante à Assembleia Nacional. Ele permanecerá no cargo pelo menos até a posse do presidente eleito no pleito que deverá acontecer até abril. A previsão é que ele seja um dos candidatos a concorrer no pleito.

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Durante os quase 40 minutos de discurso, Maduro ficou emocionado e embargou a voz em diversas ocasiões ao se referir a Chávez e à sua morte, que chamou de "grande tragédia do século 21". Alguns momentos do pronunciamento foram interrompidos por aplausos e gritos de "Chávez vive". Ele disse que todos os presentes sentiam uma imensa dor com a sua morte. Fazendo referência a Simón Bolívar e outros líderes históricos venezuelanos, que foram traídos, Maduro prometeu lealdade a Chávez e ao projeto de governo. "Cumpriu-se a palavra de Fidel [Castro], aqui estamos de pé, leais frente ao senhor. Quebramos o malefício da traição da pátria e quebraremos o malefício da derrota e da regressão", disse, enquanto os aliados do governo, que estavam atrás de Maduro, se levantaram. O herdeiro político do mandatário disse que não existiu líder político mais vilipendiado que Chávez na Venezuela. "Nunca em 200 anos se mentiu tanto sobre um presidente, nem aqui nem no mundo. Aqui está vivo para sempre, para todos os tempos futuros. Não poderão com a gente".

Em tom messiânico, Maduro disse que Chávez ensinou a seus seguidores "o amor e o perdão" e, por isso, perdoou todos os seus detratores. Ele também ressaltou o papel de Chávez quando comentou sobre a Constituição, aprovada em 1999.

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"Tudo o que somos hoje está aqui, aqui está a carta da pátria, a carta de todos. Esse texto será reconhecido por todos. Esta carta é nosso guia de revolução". Testamento

Maduro disse que Chávez deixou um testamento político, que teria sido escrito em junho de 2012, pouco antes do início da campanha eleitoral para o pleito que terminou com a quarta reeleição ao cargo, em outubro. No documento, o vice-presidente diz que Chávez pediu cinco metas aos seus seguidores.

São os seguintes: 1) Manter e consolidar a independência da Venezuela; 2) Construir o socialismo diverso, democrático; 3) Transformar o país em potência; 4) Construir um mundo de equilíbrio entre os países; 5) Contribuir com a preservação do planeta e a preservação da espécie humana.

O vice-presidente agradeceu também à delegação dos Estados Unidos e disse que os chavistas gostam de todos os países, mas também defendem um mundo sem nações hegemônicas. "Por que isso não pode ser possível? A América Latina tem esse desafio de nos unir e dizer que esse mundo tem que mudar".

Ao terminar o discurso, afirmou que a missão de Chávez estava cumprida. "Comandante, missão cumprida! A batalha continua! Que viva Chávez, que viva sempre! Até a vitória, sempre!" Em seguida, foi aplaudido e cumprimentado pelos dirigentes de Cuba, Raúl Castro; Equador, Rafael Correa; Bolívia, Evo Morales; Chile, Sebastián Piñera; e o príncipe Felipe, de Espanha. Maduro ainda beijou a mãe de Chávez, Elena Frías, e lhe entregou a réplica da espada de Simón Bolívar.

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