Costa Concordia
Veja imagens do interior do navio
Capitão diz que foi o último a abandonar o navio
O capitão do navio Costa Concordia, Francesco Schettino, negou neste domingo (15) as acusações de que teria deixado a embarcação sem prestar auxílio aos outros ocupantes e afirmou que só deixou o navio após terminar o processo de evacuação.
Schettino, de 52 anos, foi detido pela polícia italiana para interrogatório no sábado (14). Ele está sendo investigado sob a acusação de homicídio e de não prestar auxílio aos passageiros.
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A empresa "Costa Crociere", proprietária do navio de cruzeiro "Costa Concordia", que naufragou na noite de sexta-feira (13) matando ao menos cinco pessoas, admitiu neste domingo (15) que o comandante "cometeu erros de julgamento" e "não observou os procedimentos" para situações de emergência.
"A justiça, com a qual a Costa Crociere colabora, determinou a prisão do comandante" Francesco Schettino, "contra quem pesam graves acusações", destacou a companhia.
"Parece que o comandante cometeu erros de julgamento que tiveram graves consequências" e que "suas decisões na gestão da emergência ignoraram os procedimentos da Costa Crociere, que seguem as normas internacionais", informou a empresa.
Veja imagens do navio encalhado na costa italiana
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Em seu comunicado, a "Costa Crociere" destaca que Francesco Schettino, que entrou na companhia em 2002, como responsável de segurança, foi promovido a comandante em 2006, após concluir com sucesso todos os cursos de formação.
A companhia afirma ainda que os membros da tripulação "realizam exercícios de evacuação a cada duas semanas" e que os "passageiros participam igualmente de um exercício" de abandono de navio logo após o embarque.
O promotor de Grosseto, Francesco Verusio, confirmou neste domingo que o comandante Schettino abandonou o barco "muito antes de que todos os passageiros fossem retirados", e acrescentou que "a trajetória seguida pelo navio de cruzeiro não era boa".
Segundo a imprensa italiana, o comandante foi encontrado em terra às 23h40 (20h40 de Brasília), e os últimos passageiros só foram retirados por volta das 05h00 GMT (03h00 de Brasília).
Várias testemunhas e homens da Guarda Costeira disseram que o Costa Concordia navegava perto demais da costa da ilha de Giglio, situada diante do litoral do sul da Toscana.
Segundo alguns, o navio estava fazendo uma manobra chamada "l'inchino", "reverência" em italiano, para saudar os 800 moradores da ilha de Giglio.
O promotor Verusio afirma que o comandante "se aproximou de forma imprudente da ilha de Giglio, e o navio se chocou contra uma rocha que destruiu boa parte de seu lado esquerdo, fazendo a embarcação adernar e receber uma enorme quantidade de água em dois ou três minutos".
Corpos resgatados
Dois corpos foram encontrados no interior do cruzeiro, que naufragou na noite de sexta-feira próximo à ilha de Giglio, na Itália, divulgou a imprensa local citando fontes da Guarda Litorânea.
Uma das vítimas é o espanhol Guillermo Gual, de 68 anos, que viajou com um grupo procedente de Palma de Mallorca, segundo a unidade de crise criada pelas autoridades da Itália após a tragédia.
A outro morto é o italiano Giovanni Masia, de 86 anos, de Portoscuso, na ilha de Sardenha, que realizava a viagem com sua esposa, seu filho, a nora e dois netos.
As duas vítimas foram encontradas na parte traseira do navio, que encalhou nas águas do mar Tirreno. Com isso, chega a cinco o total de mortos no acidente - dois são turistas franceses e um tripulante peruano.
Desaparecidos
O número de desaparecidos, 36h depois da embarcação encalhar e virar, chega a 17, afirmou neste domingo Enrico Rossi, presidente da região da Toscana (centro italiano), à qual pertence a ilha de Giglio. Rossi detalhou que dessa quantia, 11 são passageiros e seis membros da tripulação. Resgate
Um terceiro sobrevivente que estava bloqueado no cruzeiro italiano que naufragou na noite de sexta-feira (13) foi resgatado neste domingo (15), depois que um casal sul-coreano também foi salvo durante a madrugada, informou uma autoridade portuária.
"Ele está a salvo", informou a fonte referindo-se a Marrico Giempietroni, o chefe do serviço de bordo do navio Costa Concordia que se encontrava preso no interior da embarcação.
A imprensa italiana informou que o sobrevivente estaria com uma perna quebrada. Um helicóptero foi posicionado acima do navio meio submerso para resgatá-lo e levá-lo para um hospital.
As equipes de socorro, que prosseguiram com os trabalhos de busca durante toda a madrugada de domingo, conseguiram resgatar um casal sul-coreano de 29 anos que estava em lua de mel e, horas depois, o tripulante italiano.
Os mais de 4.000 evacuados foram transferidos no sábado da ilha de Giglio para o porto de Santo Stefano, e dali repatriados para seus lugares de origem.Os bombeiros explicaram que as buscas no "Costa Concordia" são muito difíceis por causa da inclinação do barco, que está tombado sobre um de seus lados a 80 graus e semissubmerso.
Por outro lado, a promotoria da localidade de Gressetto determinou a prisão do comandante do "Costa Concordia", Francesco Schettino, após várias horas de depoimento, devido à polêmica trajetória seguida pelo navio, que teve seu casco rasgado por rochedos junto à costa da ilha de Giglio.
Antes de ser detido, o comandante Schettino declarou que "segundo a carta náutica, deveria haver profundidade suficiente" no local onde ocorreu o acidente. Segundo testemunhas, o comandante Schettino foi um dos primeiros a abandonar o próprio navio.
Relatos
O brasileiro Luciano Castro, um dos passageiros do "Costa Concordia", disse à imprensa italiana que por volta das 21H30 local "todos estavam jantando quando a luz apagou, houve um tranco e os pratos caíram da mesa".
Quando a luz voltou, o comandante anunciou uma avaria no gerador elétrico e garantiu um conserto rápido, mas o barco começou a adernar. A tripulação pediu que todos colocassem os coletes salva-vidas e logo veio a ordem para abandonar o navio, revelou Castro.
Outra passageira, a jornalista Mara Parmegiani, descreveu "cenas de pânico dignas do 'Titanic'", com empurrões entre os evacuados, gritos e choro. Também denunciou a falta de preparo da tripulação, afirmando que houve problemas quando os botes salva-vidas foram lançados ao mar e que alguns coletes salva-vidas não funcionaram.
"Os funcionários não estavam de maneira nenhuma preparados, houve problemas quando os botes foram colocados no mar (...) e alguns coletes salva-vidas não funcionaram, assim como as luzes de emergência".
Unidades da Guarda Costeira, navios mercantes e ferrys garantiram a evacuação dos passageiros e tripulantes para a ilha de Giglio.
Um passageiro francês, Joël Pavageau, revelou que a ordem para abandonar o navio demorou 45 minutos. "Nos pediram para ficar sentados quando o navio já estava afundando".
Testemunhas descreveram, ainda, cenas comparáveis à catástrofe do Titanic, com mães disputando os coletes salva-vidas e a briga para entrar num dos botes.
"Quebramos uma vidraça no corredor e pegamos coletes salva-vidas num corredor, como não havia muitos, as pessoas brigavam e os tiravam umas das outras", contou aos jornais italianos Antonietta Simboli, natural de Latina, perto de Roma.
Um casal de Avellino, Pino e Rossella Pannese, contaram que pegaram o filho nos braços e "o primeiro colete que viram". "Num momento você não questiona, pensa apenas que pode morrer", confiou.
"Foi um momento caótico, todos empurravam, tentavam passar por cima das pessoas para encontrar uma boia", declarou Amanda Warrick, ao canal de televisão americano CNN, que viajava no Concordia junto com o irmão Brandon.
No total, 12 navios e 9 helicópteros foram mobilizados para verificar se há alguém no mar, segundo o porta-voz da capitania de Livorno, Emilio Del Santos. A capitania de Livorno, o maior porto da Toscana, anunciou a abertura de uma investigação sobre a causa do acidente e como os passageiros foram resgatados.
A "Costa Crociere", empresa proprietária do navio, manifestou seus pêsames às famílias e destacou que ainda não é possível determinar as causas do acidente.Segundo a empresa, o "Costa Concordia" havia partido de Savona para um cruzeiro pelo Mediterrâneo, com escalas em Civitavecchia, Palermo, Cagliari (Itália), Palma de Mallorca, Barcelona (Espanha) e Marselha (França).
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