Barack Obama e Raúl Castro apertaram as mãos e sorriram para as câmeras ao iniciarem nesta segunda-feira (21) uma reunião, ponto alto da visita do presidente americano à ilha comunista.
Veja fotos da visita de Obama a Cuba
O encontro, realizado no Palácio da Revolução, constitui o primeiro de Obama com Raúl desde que o americano que chegou a Havana, na tarde deste domingo (20). Antes de ir para a reunião, Obama depositou flores no monumento do herói nacional cubano José Martí, localizado na Praça da Revolução. Este é o segundo e penúltimo dia da visita de Obama a Cuba.
Na reunião, Obama encontrará com um presidente que já deixou claro que não está disposto a negociar qualquer mudança em sua política a pedido ou por pressão dos Estados Unidos, seu adversário por mais de meio século.
O chefe de Estado americano quer, no entanto, aproveitar sua viagem história para abordar francamente temas sensíveis como o dos direitos humanos, em um ambiente ofuscado pela detenção temporária de dezenas de dissidentes cubanos que protestavam no domingo pouco antes da chegada de Obama.
“Temos ainda diferenças significativas sobre direitos humanos e liberdades individuais. Achamos que agora podemos potencializar nossa capacidade de promover mudanças”, declarou Obama à TV americana ABC.
Recentemente, Obama se comprometeu por escrito com as Damas de Branco, cuja líder Berta Soler ficou detida por várias horas, a falar com Raúl sobre os obstáculos nesses temas.
Agenda
Após o encontro, são aguardadas conferências de imprensa dos dois líderes. No entanto, ainda não foi divulgado se eles falarão lado a lado ou em eventos separados.
Mais tarde, ainda nesta segunda, Obama participará de um evento com empresários e empreendedores cubanos e americanos, visando impulsionar o recente setor privado da ilha.
De acordo com a agência de notícias Associated Press, cerca de 400 mil cubanos hoje trabalhavam no setor privado na ilha, como funcionários ou empresários. Entre eles, estão donos de restaurantes, técnicos de reparo de celulares, vendedores de frutas, cabeleireiros e motoristas de táxi.
“Esta é a hora”
“Esta é a hora”, disse Obama durante uma entrevista ao canal ABC, na noite de domingo (20), sobre a reaproximação dos Estados Unidos com Cuba. “Obviamente, nossa intenção sempre foi avançar, sabendo que a mudança não aconteceria da noite para o dia”, afirmou o presidente.
“Ainda que tenhamos diferenças significativas em relação aos direitos humanos e liberdades individuais dentro de Cuba, sentimos que vir agora iria maximizar nossa habilidade de promover mais mudanças.Parte do que precisamos fazer é dar fim ao embargo. Isso pode não acontecer durante o meu mandato, que já está no fim, mas é algo inevitável.”
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Leia a matéria completaHoras antes da chegada da comitiva americana, dezenas de ativistas da oposição ligados ao grupo Damas de Branco foram detidos pela polícia, após confronto com manifestantes pró-governo. Eles já teriam sido liberados.
Durante a entrevista, Obama também revelou que o Google, empresa norte-americana, planeja atuar na ilha para melhorar o acesso da população à internet, instalando novos pontos de wi-fi e de rede banda-larga.
Desde que chegou ao poder, Raúl Castro orquestrou importantes reformas sociais e políticas na ilha, ainda que sua materialização tenha se mostrado lenta. Ele passou, por exemplo, a permitir que cubanos abrissem seus próprios negócios e também diminuiu as restrições ao uso de celulares e internet.
No entanto, Castro se recusa a rever o sistema político cubano de partido único ou a censura à imprensa, demandas do governo americano.
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