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Modelo usa lenço em referência às mulheres islâmicas e tira uma selfie perto das grades, símbolo do sofrimento dos refugiados que tentam entrar na Europa | /Norbert Baksa
Modelo usa lenço em referência às mulheres islâmicas e tira uma selfie perto das grades, símbolo do sofrimento dos refugiados que tentam entrar na Europa| Foto: /Norbert Baksa

Com as dramáticas imagens de migrantes na fronteira húngara inundando a imprensa no último mês, um fotógrafo de moda de Budapeste, Norbert Baksa, teve uma ideia: por que não usar o cenário de crise — as barreiras com cercas; os conflitos com a polícia — para inspirar novas campanhas das marcas de luxo?

Foi somente nesta semana, quando os resultados do ensaio “Migrante Chique” foram compartilhados com o mundo, que ele se deu conta de que a ideia era bastante questionável.

As 13 poses, que combinam seios seminus e cabeças encobertas por lenços étnicos, foram postadas em seu site oficial e promovidas no Twitter, gerando críticas instantâneas. Baksa foi ridicularizado nas redes sociais e em dezenas de artigos de todo o mundo.

Como a jornalista Nathalie Hof observou em texto publicado no jornal “OAI13”, a imagem que mais chamou atenção exibia a modelo Monika Jablonczky tirando uma selfie enquanto se apoiava na cerca, vestindo as roupas assinadas por designers, usando um celular que ostenta a logo da Chanel.

Além disso, sua camisa aberta também desagradou, considerando o histórico da cultura e da fé de muitos destes que estão fugindo das guerras no Oriente Médio.

O resultado foi tão negativo que Baksa — que já fotografou para Elle, Playboy e Cosmopolitan — se sentiu na obrigação de defender seu trabalho e seus motivos, postando um longo texto em seu site.

“Considerando as reações, eu esperava que as pessoas percebessem a complexidade da situação e que estão respondendo com padrões parciais. Eu não compreendo como as pessoas podem se posicionar tão claramente (pró ou contra), quando estamos sendo bombardeados por informações contraditórias, para que ninguém tenha um conhecimento extensivo sobre a situação como um todo. É exatamente por isso que fizemos esse trabalho: você vê uma mulher sofrendo, mas que continua linda e, apesar da situação em que está, tem roupas de qualidade e um smartphone. Os fotógrafos não tinham a intenção de glamurizar essa situação claramente ruim, mas atrair a atenção das pessoas para que refletissem sobre o assunto”.

Baksa diz ainda que as fotos foram produzidas com base em imagens de eventos reais das últimas semanas na fronteira húngara, muitas causando repulsa pelo tratamento que as autoridades estão dando aos imigrantes. Todavia, ele parece ser a favor de ações do governo húngaro, quando se refere a alguns detidos em confrontos, descrevendo-os como “agressivos ou terroristas”.

Apesar de todo o seu esforço para se justificar, a grande maioria das reações nas redes sociais ainda é basicamente de repúdio.

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