JERUSALÉM - O primeiro-ministro de Israel, Ariel Sharon, pediu à Presidência do país a dissolução do Parlamento e a antecipação das eleições. A coalizão de governo perdeu a maioria no legislativo com a retirada do Partido Trabalhista. Sharon também deixou o partido conservador Likud, para formar uma nova legenda. Entenda o que Israel tem pela frente, com a decisão dramática de Sharon.
O QUE ACONTECE AGORA?
O presidente Moshe Katsav pode pedir a outro líder de partido que forme um novo governo em 21 dias. Katsav disse que consultará os líderes para saber se há uma coalizão alternativa de governo possível. Analistas políticos dizem que nenhum parlamentar tem atualmente força política suficiente para reunir maioria para formação de um novo governo. Isso torna inevitável a antecipação das eleições.
QUANDO SERÃO AS ELEIÇÕES?
Sem uma coalizão alternativa, as eleições têm que ocorrer 90 dias após o presidente dissolver o Parlamento. O mais provável é que ocorram em março, mas há possibilidade de que sejam realizadas no fim de fevereiro.
QUE POLÍTICAS SHARON VAI ADOTAR, SE FOR REELEITO?
Aliados dizem que o primeiro-ministro ainda está decidido a colocar em prática sua política declarada de encerramento do conflito com os palestinos, após a retirada unilateral dos assentamentos israelenses da Faixa de Gaza, em setembro. Ele também cogitou a retirada de partes isoladas da Cisjordânia, mas também disse que não negociaria com a Autoridade Palestina até que grupos radicais sejam desarmados.
Os palestinos teme que o objetivo do ultimato de Sharon seja o estabelecimento unilateral de fronteiras no traçado seguido pelo muro de segurança que está sendo construído junto à Cisjordânia, incluindo grandes porções do território palestino. Israel disse que a barreira impede atentados suicidas. Os palestinos dizem que suas terras estão sendo tomadas.
QUAIS AS CHANCES DE SHARON REELEGER-SE?
Nenhum partido israelense obteve até hoje votos suficientes para estabelecer um novo governo sem formar uma coalizão. Pesquisas recentes mostram que o novo partido de Sharon teria uma boa chance de liderar a próxima coalizão de governo. Mas analistas políticos dizem que ele terá dificuldades para angariar fundos de campanha para as eleições num prazo tão curto e para estabelecer um partido bem articulado. Sharon espera tirar proveito do apoio da opinião pública à retirada de Gaza.
QUEM VAI ADERIR AO PARTIDO DE SHARON?
O premier persuadiu 14 dos 40 deputados do Likud a segui-lo. Entre eles estão cinco ministros. Há rumores de que ele esteja cortejando vários líderes do Partido Trabalhista, de centro-esquerda. Um deles: Shimon Peres.
Sharon espera criar um partido que seja um tipo de "time dos sonhos", com figuras políticas fortes, da centro-direita à centro-esquerda, que poderia tornar o Likud uma mera sombra de si mesmo, constituído apenas por políticos de ultra-direita e figuras desconhecidas.
E SE SHARON PERDER?
Se os trabalhistas vencerem, Sharon pode optar por fazer parte de uma coalizão liderada por eles. Há expectativas de um bom desempenho trabalhista nas urnas, sob a liderança do sindicalista Amir Peretz, recém-eleito para a presidência do partido, derrotando Shimon Peres. O sindicalista, nascido no Marrocos, poderia roubar votos da base do Likud: israelenses de famílias originárias do Oriente Médio. Se o Likud vencer - o que as pesquisas mostram ser improvável - Sharon, que tem 77 anos, pode se retirar da vida política.
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