O emissário da ONU e da Liga Árabe, Lakhdar Brahimi, traçou diante do Conselho de Segurança uma imagem obscura do conflito na Síria nesta segunda-feira (24), véspera da abertura da Assembleia Geral das Nações Unidas.
Mais de 120 chefes de Estado, primeiros-ministros e ministros devem participar da 67º Assembleia Geral.
Apesar do bloqueio do Conselho de Segurança sobre a Síria em razão da oposição de Pequim e Moscou à sanções contra Damasco, o conflito sírio, que já provocou a morte de 29 mil pessoas em 18 meses, segundo o Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH), será um dos focos da assembleia.
Nesta segunda-feira, Brahimi reportou ao Conselho os resultados de sua recente visita à Síria, durante a qual se reuniu com o presidente Bashar al-Assad. Segundo diplomatas presentes na reunião, o emissário declarou aos 15 países membros do Conselho que o regime sírio estima em 5 mil o número de estrangeiros que aderiram aos combates e que retrata a guerra civil como "uma conspiração estrangeira".
Ele reiterou que não há, por enquanto, "um novo plano de ação" para resolver a crise síria. Ao se referir à proposta de seis pontos de Kofi Annan, seu antecessor, Brahimi ressaltou que o plano Annan continua sendo "o bom caminho" a ser seguido, acrescentou o diplomata.
O ministro alemão das Relações Exteriores, Guido Westerwelle, também declarou à imprensa que o plano Annan continua sendo válido "em sua essência". "Nós temos um plano, é o plano de seis pontos adotado pelo Conselho de Segurança", declarou, acrescentando que a Alemanha "apoia o trabalho de Brahimi".
A Alemanha "vai continuar a tentar obter uma posição unificada do Conselho e o início de um processo político" na Síria, acrescentou Westerwelle.
1,5 milhão de pessoas fugiram de suas casas
Ao Conselho, Brahimi afirmou que a tortura de prisioneiros se tornou um hábito e que os sírios temem ir para os hospitais, que estão em poder das forças do regime.
De acordo com o mediador, 1,5 milhão de pessoas fugiram de suas casas e o país tem enfrentado a escassez de alimentos porque as plantações foram destruídas pelos combates entre rebeldes e o Exército regular.
Enquanto no terreno os combates continuam de maneira incessante, diplomatas não se iludem sobre as chances de Brahimi ter mais êxito do que Kofi Annan.
Annan não conseguiu efetivar a aplicação de um cessar-fogo, teoricamente aceito pelas duas partes, e que deveria ser acompanhado por um diálogo político.
O governo sírio e oposição armada travam "uma luta até a morte" e Brahimi espera o momento em que os dois campos vão aceitar negociar, resumiu um diplomata recentemente. Mas "ninguém sabe quando ele será chamado", acrescentou.
Ao receber Brahimi em Damasco em meados de setembro, Bashar al-Assad reiterou que seu governo não reconhece a onda de contestação em seu país e que considera os opositores sírios como "terroristas". Ele pediu ao mediador que fizesse pressão sobre os países ocidentais e árabes que financiam os rebeldes, que, por sua vez, julgaram a missão de Brahimi fadada ao fracasso.
Bolsonaro e mais 36 indiciados por suposto golpe de Estado: quais são os próximos passos do caso
Bolsonaro e aliados criticam indiciamento pela PF; esquerda pede punição por “ataques à democracia”
A gestão pública, um pouco menos engessada
Projeto petista para criminalizar “fake news” é similar à Lei de Imprensa da ditadura