Equipes de emergência na Ucrânia informaram neste domingo (20) que encontraram 198 corpos no local da queda do avião da Malaysia Airlines, em uma área remota do Leste da Ucrânia, cerca de 40 quilômetros da fronteira russa. Segundo relatos dos funcionários, o trabalho estava sendo "complicado por separatistas armados no local, que dificultam os resgates". Um jornalista da agência France-Press, que está no local, afirmou que nenhum corpo é mais visível.
Cerca de 380 oficiais participam da busca dos restos mortais das 298 pessoas que estavam a bordo MH17. De acordo com a Organização para a Segurança e Cooperação na Europa (OSCE), os corpos das vítimas foram transportados em um trem frigorífico e serão analisados por especialistas internacionais.
A agência de notícias russa Ria Novosti informou, citando um funcionário das ferrovias, que os corpos foram levados para Donetsk a bordo de um comboio com cinco vagões que deixaram a estação de Torez, perto do local da queda. O transporte ocorreu sob o controle dos combatentes separatistas. Do lado ucraniano, um porta-voz militar afirmou que as autoridades de Kiev sabiam onde estavam 38 corpos, mas desconhecia o paradeiro dos demais.
A aeronave da Malaysia Airlines fazia o trajeto entre Amsterdã e Kuala Lumpur quando acredita-se ter sido atingida por um míssil na região de Donetsk, sob controle de rebeldes pró-Rússia, na quinta-feira. Não há sobreviventes.
Ucrânia e separatistas têm trocado acusações pela queda do Boeing 777, que fazia o voo entre Amsterdã e Kuala Lumpur. A BBC apurou que alguns dos corpos resgatados foram levados para a cidade de Torez, sob comando rebelde.
O Departamento de Estado americano informou haver diversos relatos de que corpos e partes da aeronave estariam sendo removidos e potenciais evidências sobre as causas da queda poderiam estar sendo alteradas. Segundo relatos, o local ainda não foi devidamente isolado. A Ucrânia acusou os rebeldes separatistas de tentar destruir as provas de "um crime internacional".
Pressão sobre a Rússia
Líderes ocidentais têm criticado as restrições impostas pelos separatistas na área. Neste domingo, França, Alemanha e Reino Unido vão pressionar o presidente russo, Vladimir Putin, para garantir que os separatistas na Ucrânia possibilitem o acesso dos investigadores ao local do acidente, afirmou o gabinete do presidente francês, François Hollande.
"Eles concordaram em pedir a Putin que os separatistas ucranianos garantam o acesso dos trabalhadores de emergência e investigadores ao local do desastre MH17 para realizar sua missão", disse o comunicado, acrescentando que se a Rússia não tomar as medidas necessárias, a União Europeia vai agir em consequência.
O primeiro-ministro da Holanda, Mark Rutte, afirmou no sábado ter dito ao presidente da Rússia, Vladimir Putin, que o tempo estava "se esgotando" para que ele ajudasse na operação. A maioria das vítimas era holandesa. Já o Reino Unido convocou o enviado russo e disse que os "olhos do mundo" estavam sobre Moscou.
A lista de passageiros divulgada pela Malaysia Airlines revela que o avião carregava 193 holandeses (incluindo um com dupla-cidadania americana), 43 malaios (incluindo 15 membros da tripulação), 27 australianos, 12 indonésios, 10 britânicos (incluindo um com dupla-cidadania sul-africana), quatro alemães, quatro belgas, três filipinos, um canadense e um neozelandês.
O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, disse na sexta-feira que o avião foi destruído por um míssil lançado pelos rebeldes que, segundo ele, não teriam conseguido realizar o ataque sem o apoio de Moscou.
A Rússia nega qualquer envolvimento e rejeitou as acusações do Ocidente de que está alimentando o conflito na Ucrânia. Kiev classificou o desastre como um "ato de terrorismo" e divulgou o que seriam conversas telefônicas que comprovariam que o avião foi abatido por separatistas do Leste do país.
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