Madri O ministro espanhol da Economia, Pedro Solbes, disse ontem que a Bolívia deve dar garantias de que respeitará os contratos com as empresas estrangeiras de petróleo, caso o país espere que elas continuem investindo após o decreto de nacionalização dos recursos energéticos.
Solbes pediu às empresas que renegociem os contratos com a Bolívia, que nacionalizou as reservas de gás e petróleo em 1.º de maio. Mas o ministro afirmou que as companhias têm o direito de protestar contra o rompimento de contratos anteriores.
A oposição espanhola acusa o governo de ter sido brando demais com o presidente boliviano, Evo Morales, que deu às empresas estrangeiras seis meses para renegociarem seus contratos, sob pena de serem expulsas da Bolívia. "Os direitos territoriais das companhias, seus direitos em termos judiciais, ainda estão em vigor enquanto esta negociação transcorre", disse Solbes a jornalistas em Madri.
"Em primeiro lugar, os acordos têm de ser cumpridos; em segundo, para investir em certos mercados, em qualquer mercado, é essencial ter garantias em termos de condições", afirmou. Questionado sobre a quais acordos Solbes se referia, um assessor disse que "a todos os acordos, passados e futuros".
O governo espanhol disse na sexta-feira respeitar a decisão boliviana de nacionalizar o setor energético e que cabe à empresa espanhola Repsol YPF decidir se permanecerá ou não operando no país.
Repsol, a empresa européia mais atingida pela nacionalização, disse na semana passada que vai cooperar com o processo, mas que não abrirá mão de seus direitos no país. O primeiro-ministro da Espanha, José Luis Rodríguez Zapatero, deve discutir o tema nesta semana com Morales, em Viena, durante a cúpula entre líderes da Europa e América Latina.