O brasileiro que visitar pela primeira vez os centros de atendimento à saúde em Cuba vai observar que as instalações são simples. Em muitos locais as pessoas aguardam atendimento em salas parecidas com as de um posto 24 horas de Curitiba e outras cidades brasileiras.
A diferença básica com o Brasil está no resultado que o sistema de saúde cubano conseguiu. Neste mês, por exemplo, Cuba enviou à ONU relatório sobre a mortalidade infantil em 2012. Depois de mais de meio século de redução, o país fechou o ano passado com taxa de 4,6 mortes no primeiro ano de vida para cada mil nascidos vivos. O Brasil, que conseguiu grandes avanços nos últimos anos, ainda tem uma taxa quase quatro vezes maior, de 16,1 mortes por mil.
As autoridades de saúde da ilha atribuem o bom desempenho ao sistema de atendimento universal gratuito à população e à integração da rede de ensino na formação de profissionais. Cuba tem hoje 1 médico para cada 138 habitantes, superando muitos países desenvolvidos. No Brasil, a proporção é de cerca de 1 médico para cerca de 600 habitantes.
De uma maneira simplificada, pode-se resumir o sistema de saúde cubano em três pilares: primário [médicos de família, consultórios e centros policlínicos], secundário [hospitais gerais, clínicas cirúrgicas e hospitais especializados] e terciário [institutos e centros de investigação].
O médico de família é responsável por acompanhar e fazer o trabalho de prevenção desde os primeiros anos de vida. Nos centros policlínicos a pessoa recebe atendimento primário e é encaminhada para especialistas e hospitais.
Essa organização permitiu reduzir o tempo de espera para receber atendimento, seja para uma consulta ao clínico-geral ou a um especialista.
"Nossa filosofia é que todo paciente com câncer deve ser tratado em situação de emergência", diz Jesus de Los Santos Renó Céspedes, vice-diretor do Instituto Nacional de Oncologia e Radibiologia. "Do diagnóstico clínico de câncer, biópsia, até o início do tratamento demora-se 15 dias", acrescenta.
As conquistas, como o controle de doenças que provocam grande número de mortes em países da América Latina o cólera, por exemplo, mata milhares de pessoas nos vizinhos Haiti e República Dominicana não escondem, no entanto, as limitações do sistema cubano.
"Nenhum país revolveu totalmente os seus problemas de saúde pública", observa Lorenzo Daniel Llerena Rojas, diretor do Instituto Nacional de Cardiologia e Cirurgia Cardiovascular. Ele destaca que, além da carência de recursos para investir em tecnologia, o país enfrenta o bloqueio dos EUA, que impede a compra de equipamentos de ponta e reduz as possibilidades de exportação de vacinas.