Cardeais católicos disseram na terça-feira (5) que desejam ter tempo para se conhecerem melhor antes de elegerem um novo papa, e enquanto isso buscarão mais informações sobre um relatório secreto a respeito de supostos casos de corrupção no Vaticano.
Quase 150 cardeais participaram do segundo dia das "congregações gerais", as reuniões que antecedem ao conclave que escolherá o sucessor de Bento 16, que renunciou em fevereiro.
Pela lei eclesiástica, eles têm até 20 de março para iniciarem o conclave, mas uma antecipação é possível.
Muitos observadores preveem que o conclave --que terá a participação de 115 cardeais com menos de 80 anos-- pode começar já no domingo, mas há crescentes sinais de que os "príncipes da Igreja" querem mais tempo para avaliar quem entre eles tem as melhores condições para conduzir uma instituição em época de crise.
"Muitos cardeais estão preocupados de que, se não houver tempo suficiente gasto nas congregações gerais, o conclave pode se arrastar", disse o arcebispo de Boston, cardeal Sean O'Malley.
"Acho que a preferência deveria ser para termos suficientes discussões prévias, de modo a que, quando as pessoas forem para o conclave, elas já tenham uma ideia bastante boa sobre em quem vão votar", disse ele em entrevista coletiva. "Essa é a decisão mais importante que alguns de nós tomaremos algum dia, e precisamos ter o tempo que for necessário."
Daniel DiNardo, arcebispo de Galveston-Houston, disse que o conclave vai "demorar o tempo que demorar... ninguém quer apressar isso se puder não ser apressado".
Os prelados, no entanto, têm dito que, na medida do possível, esperam que o novo papa esteja empossado antes do Domingo de Ramos, em 24 de março, para que eles possam voltar às suas arquidioceses a tempo de participar das celebrações da Semana Santa.
Não se sabe quando os cardeais vão decidir a data de início do conclave. A Capela Sistina, onde o processo secreto ocorre, foi fechada ao público na terça-feira, frustrando muitos turistas que esperavam ver o famoso teto pintado por Michelangelo.
Pelo segundo dia nas reuniões preliminares a portas fechadas, os cardeais discutiram os problemas da Cúria Romana (a burocracia vaticana) e um relatório secreto sobre o escândalo conhecido como "Vatileaks", no ano passado, quando vieram a público documentos mostrando casos de corrupção e disputas de poder no Vaticano. Um ex-mordomo do papa, Paolo Gabriele, foi condenado por furtar os documentos e entregá-los à imprensa.
Bento 16 então encomendou um relatório a três cardeais que, por questão de idade, não participarão do conclave. O relatório será entregue apenas ao sucessor dele, mas os três cardeais podem, durante as reuniões preliminares, informar seus colegas sobre suas conclusões.
"Queremos saber e aprender o máximo que pudermos a respeito da governança na Igreja", disse DiNardo.
Funcionários do Vaticano disseram que os autores do relatório podem "usar seu discernimento" para orientar os colegas eleitores sem violar o pacto de sigilo a respeito de detalhes específicos.
"Acho que os cardeais se sentem confiantes de que teremos todas as informações das quais precisamos para as nossas deliberações. Não significa necessariamente que o relatório será partilhado conosco, mas, se houver algo relevante que devamos saber a respeito, tenho certeza de que nos será passado", disse O'Malley.
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