Bento XVI envia mensagem aos brasileiros para Campanha da Fraternidade

O papa Bento XVI enviou mensagem aos brasileiros para o início da Campanha da Fraternidade, que tem como tema neste ano "Fraternidade e Juventude" e o lema "Eis-me Aqui, Envia-me!" - expressão retirada do livro de Isaías, da Bíblia. A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) lança a Campanha da Fraternidade no início da tarde desta quarta-feira.

Leia a mensagem do papa na íntegra.

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Confira a íntegra da carta de renúncia do papa Bento XVI

"Queridíssimos irmãos,

Convoquei-os a este Consistório, não só para as três causas de canonização, mas também para comunicar-vos uma decisão de grande importância para a vida da Igreja.

Após ter examinado perante Deus reiteradamente minha consciência, cheguei à certeza de que, pela idade avançada, já não tenho forças para exercer adequadamente o ministério petrino. Sou muito consciente que este ministério, por sua natureza espiritual, deve ser realizado não unicamente com obras e palavras, mas também e em não menor grau sofrendo e rezando.

No entanto, no mundo de hoje, sujeito a rápidas transformações e sacudido por questões de grande relevo para a vida da fé, para conduzir a barca de São Pedro e anunciar o Evangelho, é necessário também o vigor tanto do corpo como do espírito, vigor que, nos últimos meses, diminuiu em mim de tal forma que eis de reconhecer minha incapacidade para exercer bem o ministério que me foi encomendado.

Por isso, sendo muito consciente da seriedade deste ato, com plena liberdade, declaro que renuncio ao Ministério de Bispo de Roma, sucessor de São Pedro, que me foi confiado por meio dos Cardeais em 19 de abril de 2005, de modo que, desde 28 de fevereiro de 2013, às 20 horas, a sede de Roma, a sede de São Pedro ficará vaga e deverá ser convocado, por meio de quem tem competências, o Conclave para a eleição do novo Sumo Pontífice.

Queridísimos irmãos, lhes dou as graças de coração por todo o amor e o trabalho com que levastes junto a mim o peso de meu ministério, e peço perdão por todos os meus defeitos.

Agora, confiamos à Igreja o cuidado de seu Sumo Pastor, Nosso Senhor Jesus Cristo, e suplicamos a Maria, sua Mãe Santíssima, que assista com sua materna bondade os Cardeais a escolherem o novo Sumo Pontífice. Quanto ao que diz respeito a mim, também no futuro, gostaria de servir de todo coração à Santa Igreja de Deus com uma vida dedicada à oração.

Vaticano, 10 de fevereiro 2013." (EFE)

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O papa Bento XVI, que renunciará ao pontificado no próximo dia 28, oficiou nesta quarta-feira (13) sua última grande missa, na qual se mostrou visivelmente emocionado com o afeto dos fiéis e denunciou que a divisão no clero e a falta de unidade desfiguram o rosto da Igreja.

Em uma basílica de São Pedro do Vaticano lotada, o papa rezou a missa da Quarta-Feira de Cinzas, que abre a Quaresma, e destacou a importância do testemunho de fé e da vida cristã de cada um dos seguidores de Cristo para mostrar a verdadeira cara da Igreja.

O pontífice acrescentou que, no entanto, muitas vezes esse rosto "aparece desfigurado".

"Penso em particular nos atentados contra a unidade da Igreja e nas divisões no corpo eclesiástico", afirmou o papa, que acrescentou que é preciso viver a Quaresma de uma maneira intensa, superando "individualismos e rivalidades".

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Bento XVI também disse que Jesus denunciou a "hipocrisia religiosa, o comportamento de que buscam o aplauso e a aprovação do público".

"O verdadeiro discípulo não serve a si mesmo ou ao público, mas a seu Senhor, de maneira singela, simples e generosa", ressaltou o papa, que acrescentou que o testemunho do cristão será mais incisivo quanto menos busque a glória.

Em sua segunda aparição pública após o anúncio da renúncia - a primeira foi também hoje, na audiência pública das quartas-feiras -, Bento XVI falou sobre sua decisão e pediu orações pela Igreja.

"As circunstâncias sugeriram que nos reunamos em torno do túmulo de São Pedro para pedir pela Igreja neste particular momento, renovando nossa fé em Cristo. Para mim é a ocasião para agradecer a todos quando me disponho a concluir meu Ministério e para lhes pedir que me tenham em suas preces", disse.

Essas palavras foram a continuação das expressadas durante a audiência pública, nas quais assegurou que decidiu renunciar ao pontificado "em plena liberdade, para o bem da Igreja", e após "ter orado muito" e examinado sua "consciência diante de Deus".

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O papa acrescentou nesse encontro público que é "ciente" da "importância" do fato, mas também de "não ser capaz de promover o Ministério de Pedro com a força física e o espírito que ele requer".

O pontífice reconheceu que estes são dias "nada fáceis" para ele, mas que notou "quase fisicamente a força da prece do amor da Igreja".

Na homilia da missa da Basílica de São Pedro, Bento XVI disse também que a Quaresma é um tempo de conversão, e exortou os fiéis a "retornar a Deus", afirmando que esse retorno se tornará realidade quando a graça do Senhor entrar nos homens e cortar seus corações.

O Bispo de Roma reiterou as práticas tradicionais da esmola, o jejum e a prece neste tempo de Quaresma como caminhos para retornar a Cristo.

Após a homilia, o cardeal Angelo Comastri, arcipreste da Basílica de São Pedro, impôs as cinzas ao papa.

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Depois Bento XVI as impôs a ele, ao secretário de Estado do Vaticano, Tarcisio Bertone; ao cardeal decano, Angelo Sodano, e a vários frades.

Concluída a missa, Bertone expressou a Bento XVI a "tristeza" da Igreja por sua renúncia ao Pontificado, uma decisão, disse, que demonstra "sua pureza de coração, sua humildade, docilidade e coragem".

"Não seríamos sinceros se não lhe disséssemos que hoje há um véu de tristeza em nossos corações", disse Bertone, que ressaltou que este ato revela que "a pureza de mente, a fé forte e exigente, a força da humildade e docilidade, junto com uma grande coragem marcaram cada passagem de sua vida e de seu Ministério".

Após as palavras de Bertone, o papa, comovido, foi amplamente aplaudido por vários minutos.

Bento XVI se retirará no próximo domingo durante uma semana para exercícios espirituais, que terminarão no dia 23. Durante esse período, o papa não vai realizar atos públicos.

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Saudação aos brasileiros

Papa Bento XVI enviou uma "cordial saudação" aos brasileiros de Curitiba e Porto Alegre (RS) em seu discurso de Quaresma, ocorrido na manhã desta quarta-feira (13) de Cinzas, no salão de audiências do Vaticano.

Esta quarta-feira também marca o início da Campanha da Fraternidade 2013, com o tema "Fraternidade e Juventude" e o lema "Eis-me aqui, envia-me!" - expressão retirada do livro de Isaías, da Bíblia. O papa Bento XVI já havia enviado uma mensagem aos brasileiros para o início da Campanha.

Leia a íntegra do discurso em português do Papa Bento XVI:

"Queridos irmãos e irmãs, hoje, Quarta-feira de Cinzas, iniciamos a Quaresma, tempo de preparação para a Páscoa. Estes quarenta dias de penitência nos recordam os dias que Jesus passou no deserto, sendo então tentado pelo diabo para deixar o caminho indicado por Deus-Pai e seguir outras estradas mais fáceis e mundanas. Refletindo sobre as tentações a que Jesus foi sujeito, cada um de nós é convidado a dar resposta a esta pergunta fundamental: O que é que verdadeiramente conta na minha vida? Que lugar tem Deus na minha vida? O senhor dela é Deus ou sou eu? De fato, as tentações se resumem no desejo de instrumentalizar Deus para os nossos próprios interesses, em querer colocar-se no lugar de Deus. Jesus se sujeitou às nossas tentações a fim de vencer o maligno e abrir-nos o caminho para Deus. Por isso, a luta contra as tentações, através da conversão que nos é pedida na Quaresma, significa colocar Deus em primeiro lugar como fez Jesus, de tal modo que o Evangelho seja a orientação concreta da nossa vida. Amados peregrinos lusófonos, uma cordial saudação para todos, nomeadamente para os grupos portugueses de Lamego e Lisboa, e os brasileiros de Curitiba e Porto Alegre. Possa cada um de vós viver estes quarenta dias como um generoso caminho de conversão à santidade que o Deus Santo vos pede e quer dar! As suas bênçãos desçam abundantes sobre vós e vossas famílias! Obrigado!"

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Sucessão

O conclave para escolher o próximo papa deve começar a partir do dia 15 de março, segundo o Vaticano.

Segundo o porta-voz do Vaticano, Federico Lombardi, a normativa vaticana estabelece que o conclave deve começar entre 15 e 20 dias depois do início da Sé Vacante, o intervalo de tempo entre a morte e a renúncia de um papa até a escolha do seguinte.

O intervalo tem o objetivo de permitir que todos os cardeais que formam o conclave cheguem a Roma.

Bento XVI deixará o Vaticano em 28 de fevereiro às 17h O papa Bento XVI deixará o Vaticano em 28 de fevereiro às 17h de Roma (14h de Brasília), três horas antes de que seja consumada sua renúncia ao Pontificado, informou o porta-voz vaticano, Federico Lombardi.

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O Pontífice irá de helicóptero à residência dos papas de Castelgandolfo, cerca de 30 quilômetros ao sul de Roma.

Conclave

O processo de votação do papa é chamado de conclave e ocorre a portas fechadas Cardeais de diversas nacionalidades decidem quem será o próximo pontífice.

Primeiro se distribuem as fichas para os cardeais. São escolhidos três escrutinadores (cardeais para realizar a contagem dos votos).

A ficha de votação será retangular e terá escrito em sua parte superior as palavras "EligooIn Summum Pontificem". A parte inferior ficará em branco para que se preencha o nome do futuro papa.

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O preenchimento das fichas deve ser feito secretamente por cada um dos cardeais eleitores, que deverá utilizar uma grafia que impeça o reconhecimento.

Após o voto, as fichas são depositadas nas respectivas urnas, misturadas e contadas.Se porventura o número das fichas não corresponder ao número de eleitores, é preciso queimá-las todas e realizar uma segunda votação. Se o número de fichas bater com o total de eleitores, inicia-se a apuração dos votos.

Os votos são lidos e conferidos por três escrutinadores, que leem o voto em voz alta para todos os presentes.

Após a apuração desses votos, os escrutinadores dão início à soma dos votos obtidos pelos diversos nomes, anotando o resultado numa folha separada.

Em seguida, os escrutinadores fazem a soma de todos os votos que cada um obteve. Se ninguém obtiver dois terços dos votos, não haverá papa eleito e iniciará nova eleição. Haverá papa se algum dos nomes escolhidos contar com dois terços dos votos.

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Em qualquer uma das situações, os revisores deverão verificar as fichas e anotações dos escrutinadores.

Antes dos cardeais eleitores abandonares a Capela Sistina, todas as fichas serão queimadas pelos escrutinadores.

Após cada votação, é anunciado o resultado por meio da emissão de fumaça pela chaminé da Capela Sistina. A fumaça escura significa que ainda não foi escolhido o novo papa. A fumaça clara, que a escolha já foi feita.

Bento XVI diz que renunciou pelo "bem da igreja"

O papa Bento XVI, em seus primeiros comentários públicos após ter anunciado que vai se tornar o primeiro papa a renunciar em vários séculos, disse nesta quarta-feira ter certeza que a Igreja Católica será sustentada por Deus e pela fé, apesar das dificuldades.

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Falando durante sua audiência geral, em uma das últimas aparições públicas antes da renúncia marcada para 28 de fevereiro, o pontífice disse que tinha conhecimento da gravidade de sua decisão, mas também de perda de sua força física e espiritual.

Bento XVI disse ainda que renunciou pelo "bem da igreja". "Rezei por muito tempo e examinei minha consciência diante de Deus.", afirmou o pontífice.

Ele disse ter certeza que a Igreja iria sustentá-lo com orações e que Cristo continuará sendo seu guia. "Me apoia e me ilumina a certeza de que a Igreja é de Cristo, que nunca nos faltará com sua guia e seu cuidado. Obrigado a todos pelo amor e pela oração com que têm me acompanhado. Continuem orando pelo papa e pela Igreja."