Quando renunciar, no próximo dia 28, o papa Bento XVI, de 85 anos, perderá a condição da infalibilidade, poder do qual se investe o pontífice para decidir questões de fé e moral da Igreja Católica Apostólica Romana e sobre o qual há presunção de não haver erro. Ao deixar o pontificado, Bento XVI perderá a possibilidade de não falhar. O papa só assume a condição de infalibilidade em situações específicas. Bento XVI não fez uso desse dogma.

CARREGANDO :)

"A infalibilidade está presente na figura do papa quando ele se dirige aos fieis sobre questões de fé e moral. O papa Bento XVI não usou o dogma. Há mais de 60 anos, os papas não usam esse dogma", ressaltou à Agência Brasil o padre jesuíta Luís Corrêa Lima, professor doutor da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-RJ).

Corrêa Lima disse que a infalibilidade foi usada em meados dos séculos 19 e 20. No século 19, o poder foi utilizado para estabelecer o dogma da Imaculada Conceição, que se refere à concepção do Menino Jesus pela Virgem Maria sem a mácula do pecado original. Pelo dogma, Maria foi preservada por Deus desde seu nascimento, por ser cheia da graça divina, e viveu uma vida livre de pecado.

Publicidade

O professor ressaltou ainda que a última vez que houve estabelecimento de um dogma por meio da infalibilidade papal foi sobre a interpretação a respeito da Assunção de Maria, a crença de que a Virgem foi levada em corpo e alma para os céus após sua morte. O papa Pio XII foi quem definiu esse dogma.

A doutrina da infalibilidade do papa foi estabelecida pelo Concílio Vaticano 1º (1869-1870), durante o pontificado de Pio IX. Para os religiosos, o papa pode errar, mas não quando se dirige aos fieis na condição denominada de ex cathedra – expressão latina que significa "da cadeira ou do trono". Na prática, o pontífice usa o poder na condição de sucessor de São Pedro, em nome da Igreja.