| Foto: REUTERS/Edgar Su

À medida que avançam as investigações sobre o voo MH370, que desapareceu na Malásia, crescem as suspeitas que de que o avião da Malaysia Airlines tenha sido alvo de sequestro. Autor dos livros "Plano de Ataque" – que investiga os atentados de 11 de setembro –, "Caixa Preta" e "Perda Total" – sobre grandes desastres aéreos brasileiros –, Ivan Sant’Anna endossa essa hipótese. "Minha teoria é de não houve algo súbito e catastrófico", afirmou em entrevista à Gazeta do Povo. Apesar das dificuldades nas buscas, o especialista não acredita em fragilidades no setor de aviação e afirma que "é cada vez mais improvável morrer em um desastre de avião".

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Na sua avaliação, o que pode ter acontecido com o voo 370?

Ninguém sabe ainda o que aconteceu de fato, é um mistério. Tenho uma ideia do que não pode ter acontecido. Não acredito que o avião tenha se desintegrado no ar. Com todas as equipes de busca que estão trabalhando, já teriam encontrado alguma peça, um colete ou algum cadáver. A informação da Força Aérea é de que o piloto desligou o transponder (dispositivo de comunicação da aeronave) e desapareceu. Então, a minha teoria é de que não houve algo súbito e catastrófico.

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Pelo que se sabe até o momento, há alguma hipótese mais forte?

Há uma grande possibilidade de que tenha ocorrido um sequestro, já que o piloto desligou o transponder e, em seguida, mudou de rota. Não conheço nenhum transponder que desligue sozinho ou por acidente. Ele fez a curva perto de onde não havia controle aéreo e foi detectado por radares primários, que são muito imprecisos. E quanto às outras hipóteses, como falha mecânica ou erro humano?

O que está parecendo é que o avião foi sequestrado, mas aí também há alguns questionamentos. Se houve um sequestro, por que nenhum passageiro ligou pelo celular, como ocorreu no 11 de setembro? Outra coisa: o avião saiu do ar entre dois monitoramentos, se despediu na Malásia e não se conectou ao Vietnã. Isso permite imaginar também que o próprio piloto pode ter feito algo deliberadamente. Outro mistério é o fato de o localizador de emergência não ter mandando sinais, já que a tripulação não tem controle sobre esse equipamento. Em uma leitura fácil, conclui-se que o avião não explodiu nem pegou fogo, pode até estar pousado em algum lugar. Mas uma coisa é certa: vão encontrar o avião logo. Nunca houve tantos equipamentos em uma busca, todo mundo quer saber o que aconteceu.

A história da aviação mundial tem outros acidentes e desaparecimentos misteriosos. É possível traçar paralelo com algum deles?

Mistério é mistério até que seja desvendado. Já tivemos o caso de abelhas derrubarem um avião porque formaram uma colmeia junto à turbina. Houve aviões que caíram porque a porta se abriu ou foram atingidos por cinzas vulcânicas. O 11 de Setembro foi uma coisa absurda, feita por sequestradores completamente despreparados que não sabiam pilotar um avião, algo que ninguém imaginava. Enfim, tudo é possível.

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A dificuldade em obter respostas expõe algum tipo de fragilidade na aviação?

Não acho que isso exponha fragilidade. Sempre que um avião cai há uma repercussão maior, esse tipo de acidente desperta nas pessoas um interesse monumental. Mas as estatísticas da aviação mostram que o número de acidentes vem diminuindo ano a ano, é cada vez mais improvável morrer em um desastre de avião. No caso dos passageiros da Malaysia Airlines, nem se sabe ainda se eles morreram.

Esse episódio demonstra de alguma forma falta de segurança no setor aéreo?

O nível de segurança depende do país. Usemos como exemplo um avião que sai de Nova York, onde a fiscalização é rigorosa, e faz escala em algum local onde o controle é menos rigoroso. Um funcionário da companhia ou do aeroporto pode, nesse local, introduzir uma arma no avião. Portanto, impedir por completo a ação de criminosos ou terroristas é impossível.

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