A comunidade internacional que vive no Afeganistão, recentemente alvo de dois grandes ataques a organizações de ajuda humanitária, deve se preparar para mais violência do Taliban nos próximos meses, disse o vice-comandante das forças estrangeiras na nação.
"Acho que devemos esperar que ataquem as forças internacionais e cidadãos estrangeiros mais frequentemente", disse o tenente-general Nick Carter, maior patente britânica no Afeganistão, durante entrevista no final da sexta-feira.
As tropas da Força Internacional de Assistência para Segurança (Isaf, na sigla em inglês) da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) estão se preparando para deixar o Afeganistão até o final do próximo ano, encerrando uma cara e cada vez mais impopular guerra lançada depois dos ataques de 11 de setembro de 2001.
"Há definitivamente uma impressão de que o Taliban tentará mostrar que ele está obrigando a retirada da comunidade internacional, e certamente a retirada da Isaf", disse Carter, que deixa o Afeganistão no próximo mês para se tornar comandante do Exército Britânico.
Soldados britânicos na primeira guerra do país contra o Afeganistão, em 1842, foram mortos em massa durante sua retirada, no que se configura na maior derrota militar do país na história.
O Afeganistão tem sofrido com a violência nas últimas semanas. Um ataque coordenado à Organização Internacional de Migração em Cabul matou pelo menos três civis e feriu quatro ativistas de ajuda humanitária. A sede da Cruz Vermelha na cidade de Jalalabad também foi alvo, o primeiro em 26 anos da organização no país.
Várias instituições estrangeiras na capital receberam mais ameaças do que o normal na última semana, disseram autoridades à Reuters, sob condição de anonimato.
A violência contra organizações estrangeiras não militares, especificamente aquelas que ajudam afegãos, foi uma surpresa para a comunidade internacional.
O Taliban não fez menção a esses alvos em seu anúncio anual de ofensiva, prometendo apenas iniciar uma campanha de ataques suicidas a bases militares e regiões diplomáticas.