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Militantes do Estados Islâmico desfilam pelas ruas sírias  de Raqqa | CK/KR/STRINGER
Militantes do Estados Islâmico desfilam pelas ruas sírias de Raqqa| Foto: CK/KR/STRINGER

Centenas de crianças e adolescentes da minoria yazid (grupo religioso com cerca de 50 mil membros) raptados pelo Estado Islâmico estão sendo obrigadas a praticar técnicas de decapitação em bonecos como parte de um programa radicalização. O objetivo dos jihadistas é criar a próxima geração de extremistas nas vastas áreas de território controlados do Iraque e da Síria.

Segundo relatos de adolescentes, cerca de 120 jovens foram obrigados a assistir vídeos de decapitações e foram avisados que iriam realizar tarefas parecidas em algum momento. Enquanto esse dia não chega, eles foram forçados a praticar a técnica com bonecos.

“Então eles me ensinaram como segurar a espada e me disseram como bater. Eles me falaram que eram cabeças dos infiéis”, disse Yahya, renomeado por seus captores.

Ele e sua família foram raptados quando o Estado Islâmico tomou a cidade iraquiana de Sulagh, em agosto do ano passado. Em seguida, eles foram levados para Raqqa na Síria, no campo de treinamento para meninos de Farouq, onde adolescentes são forçados a se converter ao islamismo e doutrinados para se tornar combatentes jihadistas.

Yahya contou que recebeu um novo nome, já que o seu anterior era curdo (os extremistas do EI são árabes). No campo, onde ele passou cinco meses treinando entre 8 e 10 horas por dia e estudando o Corão, disseram ao jovem que os yazidis eram sujos e mereciam morrer.

Em um vídeo divulgado na semana passada pelo Estado Islâmico, um menino foi mostrado decapitando um soldado sírio sob supervisão de um adulto. No mês passado, outro 25 crianças-soldados apareceram disparando contra soldados sírios.

De acordo com o Observatório Sírio para os Direitos Humanos, pelo menos 1.100 crianças sírias com menos de 17 anos se juntaram ao grupo terrorista no ano passado.

Fim da internet

O Estado Islâmico começou a fechar nesta segunda-feira cibercafés na cidade de Raqqa, seu principal reduto na Síria, para desligar os aparelhos de wifi que fornecem internet às casas, informaram ativistas.

A ONG Raqqa is Being Slaughtered Silently (Raqqa está sendo massacrada em silêncio), que conta com uma rede de ativistas na população, destacou em sua página do Facebook que a proibição começou a valer hoje, depois de o EI ter invadido os estabelecimentos desta cidade, localizada no norte da Síria.

O Observatório Sírio de Direitos Humanos confirmou estas informações e apontou que membros do EI entraram em vários desses locais para inspecionar e expulsar quem estivesse presente.

Ontem, a ONG revelou que os jihadistas tinham notificado os donos dos cibercafés que deviam cortar a internet das casas próximas, inclusive as habitadas por combatentes do grupo, em um prazo máximo de quatro dias. Esse tipo de loja distribui internet a moradores de edifícios próximos, em troca de uma taxa.

Segundo o Observatório, o objetivo do EI é impedir que sejam divulgadas notícias do que acontece dentro de Raqqa e evitar que os milicianos estrangeiros entrem em contato com familiares. A organização extremista pretende ainda evitar qualquer contato de seus combatentes não sírios com o exterior por medo de que colaborem com os Serviços de Inteligência de algum país.

Há um ano, o EI proclamou califado na Síria e no Iraque, onde conquistou grandes partes dos territórios.

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