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A Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (Usaid, em inglês) contratou latino-americanos para ir a Cuba com o objetivo de identificar possíveis líderes de oposição.

Desde 2009 e por pelo menos dois anos, segundo investigação da agência de notícias Associated Press, a Usaid enviou jovens da Venezuela, Costa Rica e Peru a universidades para recrutar líderes antigoverno.

Os jovens atuavam na ilha sob outros pretextos, como atividades culturais e ambientais, e chegaram a organizar, em novembro de 2010, um seminário de prevenção de aids que reuniu 60 pessoas.

O programa foi lançado na época em que o presidente recém-empossado Barack Obama falou sobre um novo começo com Cuba, após décadas de desconfiança.

Segundo a agência de notícias, os jovens não tinham o treinamento adequado para realizar essa operação clandestina. Cuba considera os programas de promoção de democracia da Usaid subversivos e puníveis com penas de até dez anos.

Em 2009, o governo cubano prendeu o norte-americano Alan Gross, contratado pela Usaid e que foi condenado a 15 aos de prisão por contrabandear espiões ao país.

Segundo a apuração da Associated Press, a Usaid chegou a dizer a seus contratados que deveriam considerar suspender as viagens a Cuba.

No entanto, a Usaid manteve o programa, do qual participava a empresa Creative Associates, com sede em Washington, e no qual viajaram cerca de dez latino-americanos. Os enviados recebiam US$ 5,41 por hora.

Em setembro de 2010, a Creative Associates trocou sua estratégia e, em vez de identificar ativistas em Cuba, passou a conseguir vistos para que esse possíveis líderes fossem treinados em outros países.

Não ficou claro se o objetivo de criar um movimento pró-democracia em oposição ao regime de Raul Castro foi alcançado.

Repercussão

Os Estados Unidos reconheceram a existência de tal programa em Cuba. "Há programas no mundo orientados a desenvolver uma sociedade civil mais vibrante e capaz, consistente com os programas mundiais de promoção da democracia. Obviamente, esse programa estava alinhado a isso", disse a porta-voz do Departamento de Estado norte-americano, Jen Psaki.

Sobre a organização do seminário de prevenção de aids, Psaki disse que seus objetivos eram "promover a organização da sociedade civil e permitir que as pessoas tenham acesso a informação que não teriam de outra maneira".

Em Cuba, algumas pessoas que souberam da notícia pela TV estatal criticaram a intervenção na ilha.

"É uma das tantas agressões imperialistas, há tantos anos eles vêm tentado acabar com a revolução", disse Elio Morales, 19 anos, que trabalha em uma refinaria.

Outros cubanos apoiaram as práticas da Usaid. "O mundo deve promover os direitos do povo cubano, que foram abolidos pelo regime de Castro e seus aliados", disse o fotógrafo e escritor dissidente Orlando Luis Pardo.

A Usaid disse em comunicado que a agência e o governo Obama estão comprometidos com o desejo do povo cubano de escolher livremente seu próprio futuro.

Funcionários internacionais de saúde pública e membros do Congresso criticaram o uso do seminário de aids para fins políticos, dizendo que isso coloca programas de saúde em risco ao redor do mundo.

A Creative Associates não comentou o caso.A investigação da Associated Press havia revelado em abril que a Usaid foi responsável pela criação de uma espécie de Twitter em Cuba – uma rede de comunicações projetada para fomentar a dissidência na ilha.

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