Policiais e estudantes entram em confronto nas ruas no entorno do campus da Universidade Nacional Autonôma de Tegucigalpa, em Honduras| Foto: Edgard Garrido / Reuters
Estudantes queimar veículo durante protesto: exigência do retorno imediato do presidente deposto Manuel Zelaya
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Estudantes e policiais entraram em confronto nesta quarta-feira, em uma universidade de Tegucigalpa, após uma manifestação pelo retorno do presidente deposto de Honduras, Manuel Zelaya.

Os universitários fecharam, ao meio dia (15h em Brasília), as ruas no entorno do campus da Universidade Nacional Autônoma de Honduras como sinal de protesto. Com o início da repressão policial para liberar as vias, eles se refugiaram na universidade.

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Os estudantes exigiam o retorno imediato de Zelaya, deposto em um golpe de Estado em 28 de junho. Funcionários da universidade que tentaram negociar com os policiais foram agredidas com cacetetes, incluindo a reitora, Julieta Castellanos.

"Isso é condenável, é um ato de barbárie inaceitável e que viola a autonomia universitária. Não podemos permitir que reprimam os universitários dessa forma", afirmou a reitora, atingida por gás lacrimogênio.

"Fui jogada no chão e caí sobre um dos companheiros. Não podemos deixar os estudantes indefesos ante o atropelo à universidade. Vamos denunciar a polícia por esses atos violentos, eles não têm atribuições para entrar no campus".

A polícia também usou jatos d'água para dispersar os manifestantes, que revidavam com pedradas.

Paralelamente, em diversos pontos de Honduras, foram organizadas passeatas de simpatizantes de Zelaya que chegarão na próxima terça-feira a Tegucigalpa e San Pedro Sula.

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Apoio a golpe diminui

Um candidato líder para as eleições presidenciais em Honduras distanciou-se nesta quarta-feira (5) do golpe que derrubou o presidente José Manuel Zelaya e disse que enviar o mandatário deposto ao exílio foi um erro. Os comentários de Elvin Santos revelaram rachaduras na estrutura de poder hondurenha que passou a governar o país após o golpe de 28 de junho. Até agora, o governo de facto rejeitou todos os pedidos internacionais para que Zelaya seja restaurado ao poder.

Nesta quarta-feira, partidários de Zelaya deram início a uma série de marchas que devem culminar, no dia 10 de agosto, com grandes aglomerações na capital do país, Tegucigalpa, e em San Pedro Sula, a segunda maior cidade hondurenha.

"Eu irei a todos os cantos de Honduras para explicar que eu não tomei parte nos eventos de 28 de junho" disse Santos a um programa televisivo no canal 5 de Honduras. "O erro garrafal foi tê-lo expulso do país", disse Santos, acrescentando que Zelaya ficou "indefeso" após o golpe. Mesmo os generais que derrubaram Zelaya em 28 de junho, com a sanção do judiciário e do Congresso, estão indo à televisão hondurenha para defender o golpe, o que sugere que temem ser o "bode expiatório" se Zelaya regressar com apoio internacional.

Na noite da terça-feira, o comandante do Exército de Honduras, general Miguel Angel García, afirmou que a expulsão do presidente Zelaya interrompeu um plano expansionista "disfarçado de democracia" da Venezuela.

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"Honduras, a sociedade hondurenha e suas Forças Armadas pararam esse plano expansionista de um líder sul-americano de levar ao coração dos Estados Unidos um socialismo disfarçado de democracia", avaliou García, sem mencionar diretamente o presidente venezuelano Hugo Chávez. "Assim, em Honduras, se freou o socialismo disfarçado de democracia", afirmou ele, em entrevista ao Canal 5 local.

"Honduras disse não a esse plano, simplesmente porque na experiência de quase 30 anos durante a Guerra Fria se experimentou a situação crítica da subversão que viveu a América Central", acrescentou García.

Entre 1979 e 1990, Honduras se converteu no centro de operações de Washington para o combate às guerrilhas da esquerda na Guatemala, em El Salvador e na Nicarágua, nos quais houve guerras civis que deixaram quase 200 mil mortos em 11 anos.

Na entrevista à televisão, compareceram os generais Romeo Vásquez, chefe do Estado Maior Conjunto das Forças Armadas, e seu vice, Venancio Cervantes. Estavam também os generais Luis Javier Prince, chefe da Aeronáutica, e o contra-almirante Juan Pablo Rodríguez, comandante da Marinha.

"O povo é o soberano que determinará o tipo de ideologia que escolha", afirmou Vásquez. Este garantiu que a "mente flexível dos militares" é capaz de trabalhar com um presidente de esquerda, caso algum deles vença as eleições nacionais.

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"Nós militares respeitamos qualquer solução que se obtenha sob a mediação do presidente (da Costa Rica, Oscar) Arias...e acataremos sem problemas qualquer resolução a que se chegue em San José", ressaltou Vásquez. Arias tem atuado como mediador entre Zelaya e o governo interino liderado por Roberto Micheletti, por enquanto sem sucesso.

Cervantes disse que os militares depuseram Zelaya "de acordo com a missão que nos deram os tribunais, com um profissionalismo muito grande". Já Rodríguez ressaltou que as Forças Armadas fizeram "prevalecer a defesa e a sobrevivência do Estado, que era ameaçado".

Zelaya foi deposto em um golpe militar em 28 de junho e forçado ao exílio na Costa Rica. Nesse mesmo dia, o presidente do Congresso, Micheletti, assumiu o posto.

Horas depois do golpe, Chávez chegou a ameaçar mandar tropas a Honduras para restituir Zelaya. A Organização dos Estados Americanos (OEA) suspendeu Honduras após o golpe.

Entre 1956 e 1982, os militares governaram Honduras durante quase 20 anos, após derrubarem três presidentes eleitos democraticamente. Desta vez, após retirarem Zelaya do cargo deixaram o poder na mão dos civis.

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