Toda aquela gritaria dos cinemas sempre que um tiranossauro aparecia para devorar mocinhos (ou vilões) seria pura frescura no mundo real, revela uma nova pesquisa. Cientistas no Reino Unido reconstruíram a maneira de caminhar do temido Tyrannosaurus rex e descobriram que o bicho sofria para fazer curvas - demorava quase dois segundos para conseguir virar 45 graus - e era relativamente lerdo, alcançando no máximo 40 quilômetros por hora. Qualquer Fusca seria capaz de fugir do bicho, e mesmo a pé um humano esperto dificilmente seria abocanhado pela criatura.
A descoberta foi feita por John Hutchinson, da instituição britânica Royal Veterinary College. Hutchinson usou mais de 30 modelos computacionais, as quais incorporam informações sobre a anatomia do lagartão - que é uma das espécies de dinossauros mais bem conhecidas e abundantes no registro fóssil. Os modelos ajudam a produzir simulações realistas de computador, que dizem como o bicho deveria se mexer em vários contextos quando estava vivo.
O trabalho permitiu estimar, para começo de conversa, que a maioria dos tiranossauros adultos pesava entre 7 toneladas e 8 toneladas, embora os indivíduos maiores pudessem chegar a 10 toneladas. A pesquisa também mostra qual era o centro de gravidade do bicho, ou seja, a região de seu corpo onde ficava concentrado seu equilíbrio. E aí é que as simulações trouxeram a surpresa: o dinossauro teria muito mais dificuldade do que uma pessoa para manobrar quando em movimento.
O tamanho dos músculos de suas patas traseiras também não seria suficiente para fazer com que ele andasse muito rápido ou corresse. (Isso é estimado com base no tamanho dos ossos e das áreas de inserção dos músculos, claramente visíveis neles.) Resumindo: "Podemos concluir que o T. rex era muito pesado na frente, fazia curvas devagar e não conseguia ir mais rápido que uma corrida leve", afirma o pesquisador.
O debate sobre a verdadeira natureza do T. rex é um dos mais vivazes da paleontologia. Com base em dados como os de Hutchinson, muitos cientistas sugerem que o bicho poderia se alimentar de carniça ou então ser um caçador de tocaia, ao contrário de outros bichos mais móveis.
O estudo está na revista científica "Journal of Theoretical Biology".