A Câmara dos Deputados dos EUA aprovou nesta sexta-feira (9) um projeto de lei que permite às famílias de vítimas dos ataques de 11 de setembro de 2001 processar o governo da Arábia Saudita. Às vésperas do aniversário de 15 anos dos atentados, a aprovação coloca o Congresso em rota de colisão com a Casa Branca, pois o presidente Barack Obama afirma que pretende vetar a lei.
O projeto já havia sido aprovado em maio no Senado, apesar de veementes objeções da Arábia Saudita -dos 19 sequestradores dos aviões envolvidos nos ataques, 15 eram sauditas.
Para derrubar o veto do presidente, são necessários votos de dois terços da Câmara e do Senado. A votação desta sexta foi por voz, sem o registro dos votos individuais. Em tese, isso facilita com que democratas que ajudaram a aprovar a lei depois façam o oposto -mantendo o veto de Obama- sem serem acusados de mudança de posição.
O governo Obama teme que o projeto torne tensa a relação com um tradicional aliado americano no Oriente Médio. Até a tarde desta sexta-feira (9), o governo saudita não havia se manifestado sobre a aprovação da lei.
A nova legislação permite que familiares de vítimas dos ataques entrem com uma ação judicial, em corte americana, por qualquer papel que elementos do governo da Arábia Saudita tenham tido no 11 de Setembro.
O deputado republicano Ted Poe (Texas) afirmou que a Casa Branca deveria estar mais preocupada com as famílias das vítimas do que com “gentilezas diplomáticas”. Ele disse que não sabe se o governo saudita desempenhou algum papel nos ataques que deixaram mais de 3.000 mortos em 2001. “Isso quem vai decidir é um júri de americanos”, disse Poe.
A aprovação ocorre cerca de dois meses após a divulgação, pelo Congresso americano, de 28 páginas de um relatório confidencial sobre o 11 de Setembro que reacendeu especulações sobre uma possível ligação de alguns dos atacantes com membros do governo saudita.
Essas alegações nunca foram embasadas por investigações subsequentes dos EUA sobre os ataques.