Militares dos Estados Unidos negaram neste domingo (17) que suas tropas em Honduras tenham tido qualquer conhecimento ou tomado parte em um voo que levou o presidente deposto do país centro-americano, José Manuel Zelaya, ao exílio em seguida ao golpe de Estado de 28 de junho.

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Zelaya disse que o avião militar hondurenho que o levou à Costa Rica em 28 de junho pousou para reabastecer na base aérea de Soto Cano. Ele disse que talvez possa ter havido envolvimento de funcionários militares dos EUA na operação, uma acusação que foi repetida no sábado pela ex-vice-chanceler do governo deposto, Patricia Villa.

O porta-voz do Comando Militar Sul dos EUA, Robert Appin, disse neste domingo (16) que as forças americanas em Soto Cano "Não se envolveram no voo que levou o presidente Zelaya à Costa Rica em 28 de junho". Appin disse que as tropas americanas na base "não tiveram conhecimento ou tomaram parte nas decisões que autorizaram o pouso, reabastecimento e decolagem" do avião hondurenho.

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Appin disse também que os exercícios conjuntos entre militares norte-americanos e hondurenhos foram suspensos desde o golpe.

"Os militares dos Estados Unidos reconhecem que a situação precisa ser resolvida pelos hondurenhos, no marco das instituições democráticas de Honduras e de acordo com o império da lei", disse Appin

Na noite do sábado, a ex-vice-chanceler hondurenha Patricia Valle acusou o envolvimento de funcionários dos Estados Unidos no golpe de Estado. Ela disse que o avião que levou Zelaya ao exílio fez uma escala numa base aérea administrada pelos EUA. O governo americano se opôs ao golpe em Honduras e cortou milhões de dólares em ajuda ao governo de facto.

Patricia Valle disse que o avião militar hondurenho que levou o presidente deposto ao exílio parou para reabastecer na base aérea de Soto Cano, também conhecida como Palmerola, em território hondurenho, antes de pousar em San José, Costa Rica. Ela diz que Zelaya ficou no avião durante o período de reabastecimento. A base de Soto Cano é operada em conjunto por militares hondurenhos e norte-americanos.

Valle disse no sábado que a parada em Palmerola mostrou que funcionários militares norte-americanos foram cúmplices, em algum nível, do golpe de Estado de 28 de junho, embora ela não tenha apresentado qualquer prova de que militares dos EUA tenham interagido com militares hondurenhos no avião durante a operação de reabastecimento.

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Valle afirmou não acreditar que funcionários do alto escalão da administração do presidente dos EUA, Barack Obama, estejam envolvidos.

Na semana passada, quando visitou o Brasil, o presidente deposto Zelaya mencionou suas preocupações à imprensa.

"A administração Obama tem sido firme em condenar o golpe e pedir minha restauração. Não vejo razões para acreditar que a administração Obama tenha duas caras", disse Zelaya em Brasília.

"Agora, existem alguns elementos da Agência Central de Inteligência (CIA) que podem estar envolvidos. Quando eles me levaram de avião à Costa Rica, foi um voo bem curto, mas a aeronave desceu na base aérea de Palmerola para reabastece. Palmerola é uma base administrada por tropas hondurenhas e norte-americanas. Se é um voo bem curto, de 40 minutos, porque eles pararam para reabastecer em Palmerola?" questionou Zelaya.

A base hondurenha de Palmerola teve um uso intensivo das forças militares norte-americanas durante as guerras da América central na década de 1980. Atualmente, os EUA mantém 500 soldados e pessoal da força aérea em Palmerola, com a missão de lutar contra o narcotráfico na América Central.

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O governo de fato de Honduras também está irritado com os EUA. O presidente interino Roberto Micheletti manifestou no sábado sua raiva com a postura americana sobre o golpe, ao dizer esperar que o atual embaixador dos EUA em Honduras, Hugo Llorens, não regresse a Tegucigalpa quando voltar de uma viagem ao exterior. A Embaixada dos EUA afirma que Llorens deixou Honduras em viagem por motivos pessoais e não se retirou do posto.

"Eu entendo que ele está de férias, então espero que não volte", disse Micheletti no sábado, em discurso feito a três mil reservistas na cidade nortista de San Pedro Sula. As informações são da Associated Press.