Uma reportagem desta segunda-feira (17) publicada no jornal "Folha de S. Paulo" afirma que deputados da Câmara dos Representantes dos Estados Unidos aprovaram uma moção para que o presidente George W. Bush peça a formação de uma força-tarefa para atuar contra o terrorismo na Tríplice Fronteira (Foz do Iguaçu, no Oeste do Paraná, Argentina e Paraguai). Apresentada pela republicana Ileana Ros-Lehtinen, da Flórida, a proposta teria como alvo principal o Brasil, o mais citado em todos os países como palco das supostas atividades terroristas na fronteira com a Argentina e o Paraguai.
Segundo a reportagem de Sérgio Dávila, correspondente em Washington, a deputada afirmou em seu discurso de defesa na Câmara que "o terrorista Abu Musab al Zarqawi, principal líder da Al Qaeda no Iraque, morto pelas tropas americanas no dia 7 de junho, teria pedido que membros de sua organização fossem ao Brasil com a missão de usar o país para chegar ao México e, uma vez lá, entrar nos EUA com objetivo de promover ataques terroristas".
A reportagem da Folha tentou ouvir Ileana para falar sobre a origem das informações sobre o Brasil. O assessor da congressista, porém, informou que "infelizmente, Ileana não está disponível para entrevistas". Em outras ocasiões, Ileana já gerou outras polêmicas em torno de países da América Latina. Segundo a Folha, ela foi acusada por Hugo Chávez (Venezuela) de ter ajudado na tentativa de golpe contra seu governo em 2002.
A resolução 338 foi aprovada há 20 dias por outros 29 congressistas sem alterações. O documento está agora nas mãos de representantes do Comitê de Relações Exteriores do Senado americano, presidido pelo republicano Richard Lugar. De acordo com a Folha, Lugar mantém um bom diálogo com o Brasil e prometeu examinar o texto com cuidado. A Embaixada do Brasil manifestou "profundo desconforto" ao Departamento de Estado americano com relação à notícia da moção. Segundo a reportagem, o embaixador do Brasil nos Estados Unidos, Roberto Abdenur, "o texto está em descompasso com a Casa Branca".
Em abril deste ano, outra situação causou tensão entre os dois países, quando o Departamento de Estado afirmou em relatório anual sobre terrorismo que suspeitos de apoiar grupos extremistas islâmicos aproveitam o território brasileiro, tido por eles como "pouco vigiado e em proximidade com comunidades islâmicas", para levantar fundos e promover atividades ilegais.
Leia a reportagem da Folha na íntegra
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