A Embaixada dos EUA em Bagdá disse nesta quinta-feira que não toleraria a tortura de detidos e o envolvimento de milícias em detenções, aumentando a pressão sobre o governo iraquiano após a revelação de abusos contra presos sunitas nos subterrâneos de um prédio do Ministério do Interior.
- Deixamos claro ao governo iraquiano que não deve haver milícia ou controle sectário nas forças de segurança, em instalações do governo e nos ministérios do Iraque - disse um porta-voz da embaixada lendo uma nota oficial. - Não toleramos qualquer abuso de detidos no Iraque. O governo do Iraque deve garantir que esse tipo de coisa não aconteça novamente - acrescentou.
Nesta quinta-feira, o ministro do Interior do Iraque defendeu o governo no caso da instalação tido como cenário de tortura de prisioneiros, dizendo que o prédio abrigava "os terroristas mais perigosos".
- Ninguém foi decapitado ou morto - disse Bayan Jabr, em tom desafiador, destacando que a apenas sete dos 170 detidos apresentaram marcas de tortura. - Essas pessoas não vieram do Paquistão ou do Irã. Eles são irmãos árabes nossos que vieram matar nossas crianças - emendou o ministro, exibindo passaportes.
Entretanto, Jabr prometeu punir qualquer um que tenha torturado detidos:
- Vamos puni-los se (uma investigação) provar que eles são responsáveis por quaisquer violações. Vocês podem ter orgulho de nossas forças. Nossas forças respeitam os direitos humanos. Somos um governo e somos responsáveis por protegê-los. Os detidos são filhos do Iraque. Mesmo que tenham cometido erros, não somos nós a decidir isso.
O episódio fez lembrar o escândalo de abusos na prisão de Abu Ghraib, no ano passado, em que fotos mostravam soldados americanos torturando e humilhando sexualmente detentos, o que causou embaraço ao governo de George W. Bush e alimentou a insurgência no Iraque. Pelo menos oito militares americanos foram levados à Justiça.
Jabr disse ter ordenado que os agentes levassem os suspeitos ao prédio do governo por eles são considerados os mais perigosos.