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Altos funcionários norte-americanos discutiram o desejo de impedir a posse do então recém-eleito presidente chileno, o esquerdista Salvador Allende, em 1970. A revelação está em documentos tornados públicos nesta quarta-feira (10).

Em um trecho, William Rogers, ex-secretário de Estado do presidente Richard Nixon, advertiu sobre as ações secretas dos EUA para impedir a posse de Allende. O governo americano antes havia ressaltado a importância da realização de eleições democráticas. A CIA por fim apoiou o seqüestro do principal general do Chile, René Schneider, para impedir que Allende chegasse ao poder.

"Após tudo que dissemos sobre eleições, se na primeira vez que um comunista ganha os EUA tentam evitar o processo constitucional de ocorrer nos ficaremos muito malvistos", disse Rogers, que morreu em janeiro de 2001.

Um grupo privado, Arquivo de Segurança Nacional, publicou as transcrições na véspera do 35º aniversário do golpe que resultou na morte de Allende. O registro ocorreu pois Henry Kissinger secretamente gravou todas suas ligações após tornar-se conselheiro de segurança nacional, em 1969. Seus auxiliares transcreveram as chamadas e depois destruíram as fitas.

A CIA admitiu posteriormente que apoiou o seqüestro de Schneider, pois o general se recusou a usar o Exército para evitar que o Congresso confirmasse a eleição de Allende. A tentativa de seqüestro falhou - o militar foi morto na operação - e o nome de Allende foi confirmado.

Três anos depois e nove semanas antes do golpe, Nixon culpou o então diretor da CIA Richard Helms e o ex-embaixador dos EUA Edward Korry pelo fracasso na tentativa de impedir a posse de Allende. "Eles estragaram tudo", disse o presidente a Kissinger, em outras das conversas agora liberadas. Na mesma ligação, Nixon diz a Kissinger: "Eu acho que aquele chileno pode ter alguns problemas."

Kissinger retrucou: "Sim, ele tem grandes problemas. Ele definitivamente tem grandes problemas."

Allende foi derrubado por um golpe em 11 de setembro de 1973, liderado pelo general Augusto Pinochet. Pelo menos 3.197 pessoas foram mortas por razões políticas durante os 17 anos de regime de Pinochet e outras milhares desapareceram, segundo o próprio governo chileno.

Polêmica

O médico legista Luis Ravanal contestou nesta semana na revista El Periodista que Allende tenha se suicidado. Segundo ele, os ferimentos do ex-presidente não são compatíveis com um suicídio.

Para a deputada Isabel Allende, filha do ex-líder, a versão oficial de que ele se suicidou é a correta. "Nós temos absoluta e total confiança da versão dos nove médicos que ficaram até o fim com o presidente Allende", disse ela à rádio Cooperativa. As informações são da Associated Press.

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