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EUA não descartam ação militar contra o Irã, que diz não confiar no Ocidente

Obama admitiu que os EUA têm “muitas diferenças” com o Irã. | Yuri Gripas / Reuters
Obama admitiu que os EUA têm “muitas diferenças” com o Irã. (Foto: Yuri Gripas / Reuters)

Um dia depois da assinatura do acordo que marcou uma reaproximação histórica entre duas nações inimigas há quase quatro décadas, o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, e o líder supremo do Irã, aiatolá Ali Khamenei, marcaram posição em seus países e trocaram farpas. Na terça-feira, o grupo de potências liderado pelos EUA assinou um acordo que prevê a redução da atividade nuclear iraniana em troca da suspensão de sanções econômicas.

Em entrevista coletiva, Obama disse ontem que o acordo não acaba com as diferenças dos EUA com o Irã e que as sanções relativas ao apoio a grupos terroristas por Teerã irão continuar. Já Khamenei disse que “alguns membros do P5+1 (EUA, Rússia, Reino Unido, Alemanha, França e China) “não são confiáveis.”

A estratégia da Casa Branca para que o acordo seja aprovado pelo Congresso americano foi revelada por parlamentares ontem: o vice-presidente Joe Binden tem garantido a deputados que nada remove a “opção de ação militar” caso o Irã impeça as inspeções da ONU às instalações nucleares.

A revelação foi feita pelos deputados democratas Steve Israel e Jan Schakowsky. “Nada neste acordo descarta a opção militar”, teria dito Biden durante reunião com os parlamentares. 

Obama pediu para o Congresso “se basear nos fatos, não em especulação” ao analisar o acordo. O prazo é de 60 dias. “Minha esperança é que todos avaliem o acordo baseando-se em fatos e não em politicagem. Não no fato de ser um acordo que eu estou levando ao Congresso, ao contrário de um presidente republicano”, disse. “Espero que o debate se baseie em fatos, não em desinformação”.

Khamenei, em seu primeiro pronunciamento sobre o acordo, disse que o texto deve ser cuidadosamente analisado e procedimentos legais devem ser tomados para que o outro lado não deixe de cumprir compromissos. A posição contrasta com os elogios feitos pelo presidente Hassan Rouhani e pelo ministro de Relações Exteriores Javad Zarif desde que o pacto foi selado.

“Alcançar um acordo é um passo significativo, mas o texto deve ser cuidadosamente analisado e os procedimentos legais devem ser tomados para que, quando o acordo for ratificado, o outro lado não possa descumpri-lo”, escreveu Khamenei em carta enviada ontem a Rouhani. “Alguns membros do P5+1 não são confiáveis”, concluiu o líder. A carta publicada pela agência de notícias iraniana Irna.

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