Novas nevascas previstas na Europa ameaçam prolongar o caos nos transportes no continente, em meio a uma onda de frio que pode afetar o crescimento econômico da Alemanha.
"Muitos projetos de construção foram paralisados e muitas viagens de negócios foram canceladas", disse à Reuters Volker Trier, economista-chefe da DIHK (câmara alemã de indústria e comércio). "O transporte de cargas também teve problemas com o tempo. O resultado é que o clima rude custará cerca de meio ponto de crescimento (para a Alemanha) neste trimestre", afirmou.
Os serviços aéreos e ferroviários começaram a se normalizar na quarta-feira na Europa, mas os problemas causados pelo gelo e a neve nos últimos dias continuam afetando partidas e chegadas na movimentada semana do Natal. Na Grã-Bretanha, os meteorologistas previram mais neve.
Os transtornos aéreos geraram um debate sobre a necessidade de leis que obriguem os aeroportos a lidarem de forma mais eficiente com questões climáticas. Siim Kallas, comissário europeu de Transportes, propôs que os aeroportos tenham que oferecer um nível mínimo de infraestrutura de apoio aos passageiros nessas situações.
Os importantes aeroportos de Heathrow (Londres) e Frankfurt disseram em seus sites que as operações estão se normalizando após os transtornos que afetaram dezenas de milhares de passageiros.
Wolfgang Prock-Schauer, executivo-chefe da companhia aérea BMI, subsidiária da Lufthansa, acusou a BAA, empresa que administra Heathrow, de despreparo.
"O que é realmente incrível é que 10 centímetros de neve tenham fechado o aeroporto durante dez dias e que então ele tenha operado com um terço da capacidade", afirmou o executivo ao jornal Times. "A BAA não estava preparada. Ela não tinha suficiente fluido de degelo."
A BAA, que pertence à espanhola Ferrovial, negou que tenha havido falta de fluido, e afirmou que lições serão aprendidas. Mas acrescentou, por meio de um porta-voz: "Esse foi um mau tempo sem precedentes, que fechou a maioria dos aeroportos do norte da Europa."
Colin Matthews, executivo-chefe da BAA, disse que abrirá mão do seu bônus de 2010 por causa do caos aéreo, uma medida que era exigida pelo sindicato dos aeroviários.
"É inaceitável que os passageiros não possam chegar aonde querem. Tivemos uma crise aqui, sou responsável, decidi não pegar o meu bônus", disse Matthews ao canal SkyNews. A imprensa diz que no ano passado ele recebeu quase 1 milhão de libras em salários e bônus.
Retorno gradual
Heathrow deve operar 800 voos na quarta-feira, cerca de 70 por cento de um dia normal, mas continuou aconselhando as pessoas a não chegarem ao aeroporto se não tiverem voos confirmados. "Esperamos que até o final do dia estejamos com a operação plena", afirmou um porta-voz.
Mais tarde, a administração informou que as duas pistas do aeroporto estavam abertas e que o tráfego deve estar normalizado, ou quase, na quinta-feira.
A British Airways informou que, atendendo à orientação da BAA, irá operar apenas um terço da sua escala normal em Heathrow até as 6h de quinta-feira.
Analistas das corretoras Davy Stockbrokers e Oddo Securities estimam que a companhia aérea esteja sofrendo prejuízos de em torno de 15 milhões de dólares por dia.
O aeroporto de Frankfurt, maior da Europa, que na segunda-feira fechou totalmente, voltou à sua capacidade plena na quarta. Mas um porta-voz disse que ainda há um acúmulo de 3.500 passageiros, inclusive cerca de 600 que passaram a noite em camas de campanha no aeroporto.
A Deutsche Bahn, empresa que administra as ferrovias alemãs, decidiu reforçar seus serviços até o dia 31, para atender ao aumento da demanda devido às restrições aéreas.
O tráfego começou a voltar ao normal nos aeroportos de Paris, onde cerca de 3.000 pessoas ficaram retidas. Mas as autoridades francesas de aviação pediram às companhias aéreas que reduzam seus serviços em 15 por cento na quarta-feira e em 25 por cento na quinta-feira no mais movimentado aeroporto do país, o Charles de Gaulle, ao norte de Paris.
A Eurostar, que opera o trem de alta velocidade entre Londres, Bruxelas e Paris, também deve se normalizar, mas pediu aos passageiros que só cheguem às estações uma hora antes do embarque, para evitar aglomerações.
Nove das 52 partidas previstas para quarta-feira deveriam ser canceladas, mas a empresa disse que teria como realocar os usuários.
Embora os transtornos já sejam menores, muitos passageiros continuam indignados. "Era para serem as férias da nossa vida", disse à SkyNews um homem que pretendia embarcar com a mulher em Heathrow. "E é um pesadelo."
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