A mítica Eva Perón, Evita, sofreu a retirada de uma parte do cérebro (lobotomia), realizada por parte de sua equipe médica nos últimos meses da enfermidade que provocou sua morte em 1952, segundo evidência obtida por quatro pesquisadores em um artigo publicado na revista World Neurosurgery.
"Nova evidência de lobotomia pré-frontal nos últimos meses de enfermidade de Eva Perón" é o título do artigo do neurocirurgião de Yale, o argentino Daniel Nijensohn, que investigou as declarações do pesquisador húngaro George Udvarhely, de 2005, sobre essa delicada questão.
Udvarhely, que morreu em 2010, assegurou que tinha atendido Eva na década de 50 e que a mulher do ex-presidente argentino, Juan Domingo Perón, sofreu uma lobotomia para aliviar a dor provocada pelo câncer terminal de que sofria.
"Com base em nossas evidências, que concordam com as declarações feitas pelo doutor George Udvarhelyu, um distinto neurocirurgião que morreu em junho de 2010, ela foi submetida a uma lobotomia pré-frontal nos últimos meses de enfermidade em 1952", diz o artigo em suas conclusões.
Evita (1919-1952) sofria, com "dores intratáveis e crescente ansiedade, agitação e agressividade" pelo câncer que provocou sua morte aos 33 anos, pelo que decidiu fazer esse tipo de operação, explicam Nijensohn e seus colaboradores.
"Esse procedimento cirúrgico ultrassecreto, então aceito como um tratamento para esse quadro clínico, poderia ter sido realizado em Buenos Aires, por neurocirurgiões muito qualificados próximos ao presidente Juan Perón", acrescentam.
Segundo os pesquisadores, "as evidências sugerem a participação do Dr. James L. Poppen, um famoso neurocirurgião de Boston".
"A natureza sensível da operação e suas implicações políticas e emocionais ainda são importantes hoje em dia e potencialmente incendiárias, apesar do tempo que passou", destacam os autores do artículo em sua conclusão.
Os investigadores recorreram a entrevistas à imprensa concedidas por Udvarhelyi, evidências orais e escritas obtidas na Argentina, evidências radiológicas e revelações recentes sobre a enfermidade e a morte de Eva Perón, assim como um relato histórico da lobotomia pré-frontal como tratamento cirúrgico aceito e estabelecido nesse tempo e no lugar estudado.
Reforçando as declarações de Udvarhelyi, entrevistas com pessoas próximas à Evita feitas por historiadores revelaram um "quadro clínico compatível com os efeitos colaterais desse tipo de intervenção".
"Comentários do cirurgião Ricardo Finochietto, líder do corpo médico que assistiu Evita Perón, ratificam a prática de um procedimento de neurocirurgia", diz o artigo, acrescentando que "as ordens e instruções do presidente Perón à equipe médica também sustentam essa afirmação".
Por fim, "uma revisão das radiografias do crânio mostram descobertas compatíveis com trepanações (abertura de buracos no crânio)".
Na pesquisa de Nijensohn participaram neurocirurgiões e médicos da Universidade Nacional de Cuyo (Mendoza, oeste), do hospital Rawsson e Santorio Güemes de Buenos Aires e da Universidade de Harvard nos Estados Unidos.
A mítica Evita, alma mater do movimento peronista, é uma das personalidades mais importantes e controversas da história política argentina.
Ela poderia ter sido a primeira mulher vice-presidente argentina no segundo mandato de Perón que começou em 1952, mas setores militares e empresariais persuadiram o general a escolher outro companheiro.
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