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Crise na Bolívia

Evo convida oposição para diálogo e governadores aceitam

Morales enviou uma carta aos governadores oposicionistas para solucionar o empasse político: violentos confrontos e incidentes agravam a crise política na Bolívia | Gaston Brito / Reuters
Morales enviou uma carta aos governadores oposicionistas para solucionar o empasse político: violentos confrontos e incidentes agravam a crise política na Bolívia (Foto: Gaston Brito / Reuters)

O presidente da Bolívia, Evo Morales, disse nesta sexta-feira (12) que enviou uma carta aos governadores opositores para um diálogo. Dois deles aceitaram o convite, um dia depois que violentos distúrbios deixaram oito mortos no departamento (estado) de Pando.

O governador opositor do departamento de Tarija, Mario Cossío, disse que viajará a La Paz após ter recebido a carta e aceitado o pedido de uma reunião. Em Santa Cruz, o secretário da Autonomia do governo, Carlos Dabdoub, declarou que "todos concordamos que é preciso buscar um ponto de convergência".

Em um discurso na região central de Cochabamba, Evo disse que os grupos opositores autonomistas "têm todo o direito de rechaçar a nova Constituição, mas com o voto e não com a violência". Segundo o presidente, a carta convocava os governadores de Santa Cruz, Beni, Pando e Tarija para uma reunião "imediata" em La Paz Ele disse que também dialogaria com prefeitos e dirigentes sociais e sindicais para encerrar os conflitos.

"Essa não é uma luta (dos opositores) pelo Imposto Direto de Hidrocarbonetos, é uma conspiração contra a democracia que busca dividir a Bolívia com influência externa. Não vamos permitir que embaixadores venham dividir a Bolívia", disse Evo. O presidente expulsou na quarta-feira (10) o embaixador dos Estados Unidos, Philip Goldberg, do país. Segundo Evo, o diplomata conspirava com os opositores. Em retaliação, os EUA anunciaram a expulsão do embaixador boliviano em Washington.

Os protestos começaram contra a retenção de fundos estaduais pelo governo de Evo, para financiar uma pensão para idosos. Além disso, o país está dividido sobre a busca de maior autonomia por algumas regiões e sobre o projeto constitucional promovido pelo governo central, que deve ser votado em referendo em dezembro. A oposição exige que o referendo sobre a nova Constituição seja cancelado.

Evo disse estar disposto a "compatibilizar" o projeto constitucional com os estatutos de autonomia aprovados nas quatro regiões opositoras, em referendos desautorizados pelo governo central.

Houve saques e invasão de escritórios do governo e empresas estatais em Santa Cruz, no leste do país. Também foram registrados problemas similares em Beni e Tarija.

Na quinta-feira, confrontos entre grupos leais a Evo e opositores deixaram oito mortos, a maioria a tiros, e 36 feridos em Cobija, a norte de La Paz, fronteiriça com o Brasil e capital do Estado amazônico de Pando.

A situação era mais calma nesta sexta-feira, sem notícias de choques. Porém prosseguiam os problemas com a falta de alimentos básicos e rodovias bloqueadas.

O governo da Argentina anunciou nesta sexta apoio ao governo Morales "É um governo eleito por voto popular e isso tem que ser respeitado", disse o ministro da Justiça da Argentina, Aníbal Fernández.

A União Européia fez um apelo às autoridades bolivianas para reduzirem as tensões políticas no país e ofereceu a mediação entre governo e oposição. O secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU), Ban ki-moon, fez um apelo aos bolivianos para acabarem com a violência e procurarem o consenso. Ban também ofereceu ajuda para mediar a crise política.

Gás natural

Na quinta-feira, as exportações bolivianas de gás natural ao Brasil, seu principal cliente, foram cortadas pela metade por sete horas. O fornecimento foi restabelecido ontem mais tarde. Segundo a empresa Transierra, o fornecimento foi suspenso por causa de sabotagem de grupos oposicionistas a uma instalação.

Nesta quarta-feira, oposicionistas invadiram uma central de gás e fecharam uma válvula, em Tarija, provocando a explosão de um ramal do gasoduto, por causa da pressão provocada pelo fechamento. O gasoduto levará até 15 dias para ser reparado e a Bolívia reduziu as exportações de gás natural ao Brasil em três milhões de metros cúbicos por dia. A Bolívia exporta normalmente 31 milhões de metros cúbicos por dia em gás natural para o Brasil. A empresa brasileira de energia, a Petrobras, adotou um plano de contingência para reduzir o uso de gás natural nas suas unidades.

Manifestantes da oposição também tomaram a estação de gás natural de Pocitos. Os técnicos fecharam as válvulas antes da invasão e o fornecimento de gás ao norte da Argentina foi suspenso na quinta-feira. Segundo o governo argentino, a suspensão no fornecimento continuava nesta sexta-feira. As informações são da Associated Press.

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