Evo Morales acena ao chegar para a cerimônia de posse| Foto: Martin Alipaz/Efe
Foi a primeira aparição pública de Dilma desde a sua própria posse e a de seus ministros, em 1º de janeiro
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O presidente da Bolívia, Evo Morales, afirmou nesta quinta-feira (22), durante seu discurso de posse, que a Bolívia combate melhor o narcotráfico sem a presença dos Estados Unidos. O mandatário, que ingressa em seu terceiro mandato, chegou a pedir desculpas às autoridades americanas que acompanhavam a cerimônia para defender a autonomia boliviana no controle do tráfico. Evo defendeu ainda o cultivo das folhas de coca como uma tradição agrícola e cultural do país.

A cerimônia, que aconteceu na Assembleia Legislativa Plurinacional, que reúne o Senado e a Câmara, contou com a presença de vários chefes de Estado — entre eles a presidente Dilma Rousseff, que continuou sem falar com a imprensa. Foi a primeira aparição pública de Dilma desde a sua própria posse e a de seus ministros, em 1º de janeiro. Ela não dá entrevistas nem faz declarações desde o café da manhã que teve com jornalistas há 31 dias.

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Dilma foi a primeira chefe de Estado a ser saudada tanto por Evo como pelo vice-presidente do país, Alvaro Garcia Linera. Evo também agradeceu a Dilma pela ajuda médica prestada ao governador de Cochabamba que, com uma enfermidade grave, teria recorrido a um tratamento no Brasil. O presidente destacou as parcerias com o Brasil e os acordos de cooperação.

Sobre o narcotráfico, disse: "Agora estamos muito melhor no combate ao narcotráfico sem a presença da base militar americana.Os Estados Unidos deveriam mastigar uma folha de coca. Eu mastigo e me sinto bem", disse o presidente, enquanto os emissários americanos do presidente Barack Obama estavam sentados próximos do presidente da Venezuela, Nicolás Maduro.

Evo Morales defendeu ainda que o país continue tentando recuperar do Chile um território que dê ao país uma saída para o Oceano Pacífico. O tema tem corrido nos tribunais internacionais, mas as decisões têm sido favoráveis ao governo do Chile, cuja presidente, Michelle Bachelet, não compareceu à posse do homólogo boliviano. "É um direito a busca pacifica por uma saída para o mar", declarou Morales.

Se na cerimônia religiosa de quarta-feira o presidente da Bolívia fez um forte discurso anticapitalista para a comunidade indígena durante um ritual nativo, na posse oficial preferiu gastar mais de 20 minutos para enumerar os feitos de seu governo, registrando o aumento do Produto Interno Bruto (PIB), do acesso aos serviços públicos, como saneamento básico, do salário mínimo e do combate à miséria.

Antes de Evo ser empossado, o vice-presidente eleito Alvaro Garcia Linera tomou posse como presidente da Casa. A cerimônia foi acompanhada apenas por autoridades locais e internacionais, enquanto o público assistia ao evento na praça diante da Assembleia e do Palácio do Governo. Toda a cerimônia, incluindo a chegada dos presidentes sul-americanos, foi televisionada pelo canal 7, da TV estatal.

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"A relação bilateral é muito rica, em vários aspectos. A presença da presidente na posse é um pouco um ponto de partida para uma integração cada vez mais acelerada e mais forte dos dois países", disse o encarregado de negócios do Brasil na Bolívia, o embaixador Rezende de Castro.

No fim da cerimônia de posse, quando Dilma já tinha deixado a Assembleia, Evo cantou, ao lado do presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, de seu vice e do vice argentino, Amado Boudou, o hino da Internacional Socialista.