O presidente da Bolívia, Evo Morales, disse nesta quinta-feira (18) que seu colega peruano, Alan García, fez bem em reconhecer os erros na condução do conflito gerado por protestos de índios da Amazônia contra leis que atraíam investidores para a exploração de recursos naturais.

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O mandatário indígena, que foi qualificado por Lima como um "inimigo" do Peru por supostamente apoiar as manifestações amazônicas, considerou que o verdadeiro inimigo é a política neoliberal, que coloca em risco a existência da humanidade e do planeta.

"Saúdo (que) desde ontem, anteontem, alguns presidentes já tenham começado a reconhecer alguns erros. Como presidente, quantos erros cometi!," disse o esquerdista Morales em um tom conciliador, longe da agressividade habitual de seus discursos, durante um ato militar na cidade de Santa Cruz.

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O governante se referia ao mea culpa oferecido por García na quarta-feira para revogar as leis que convulsionaram o Peru, em um conflito que arranhou as relações entre os dois países da Comunidade Andina - da qual também fazem parte Colômbia e Equador.

"Quem não erra? Todos erramos, escutei que alguns erros de alguns presidentes vizinhos como no Peru estão sendo corrigidos. Saudamos isso", acrescentou Morales, que antes classificou como um "genocídio" a morte de indígenas peruanos que há duas semanas protestavam contra as leis.

O governo peruano, que denunciou "interesses externos" por trás dos protestos indígenas, chamou seu embaixador em La Paz para consultas em protesto após o respaldo de Morales aos nativos amazônicos.

"Inimigo de ningúem"

Morales disse que proclamou uma luta em defesa dos recursos naturais não por inimizade ao Peru, e sim por inimizade com as políticas globais que ameaçam o meio ambiente com problemas como o aquecimento global.

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"Aqui não se trata de ser inimigo de ninguém; são as políticas econômicas que são inimigas da humanidade... e é preciso corrigir essas políticas", sustentou o líder, que se chocou com García em outros meses por conta de políticas comerciais e do asilo dado por Lima a três ex-ministros bolivianos.

Morales, um estreito aliado do presidente venezuelano Hugo Chávez, acrescentou, "com as desculpas necessárias," que "Evo não é nenhum pesadelo para nenhum presidente de nenhum governo, seja na América Latina ou no mundo."

Mas o presidente, também líder dos produtores bolivianos de coca, afirmou que continuará em sua campanha ecológica e contra o neoliberalismo, mesmo com o risco de ser "condenado em nível internacional."

"Questionamos algumas políticas que destroem o meio-ambiente, o planeta Terra, e portanto a humanidade, e todos temos direito a dizer a verdade sobre esses problemas que vêm de políticas econômicas... temos a obrigação de criar certa consciência."

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