O referendo revogatório de mandato realizado no último dia 10 revelou que o apoio da população ao presidente Evo Morales cresceu 559.358 votos com relação às eleições gerais de dezembro de 2005, enquanto a oposição perdeu 312.435 votos. A informação é a Agência Boliviana de Informação (ABI), que é estatal.
Os dados da Corte Nacional Eleitoral (CNE) são baseados em informações enviadas até o sábado (16) pelos cortes departamentais (estaduais), com 99,99% dos votos apurados. Dos 4.047.706 bolivianos habilitados a votar, 3.370.783 foram s urnas no referendo.
Em 2005, Evo foi eleito presidente com 1.544.374 votos, o equivalente a 53,74% dos 2.873.801 votos válidos. No referendo, recebeu 2.103.732 votos, 67,41% dos 3.120.724 votos válidos. Já a oposição conseguiu 1.329.427 votos em 2005 (46,26%), contra 1 016.992 no referendo (32,59%).
Nos nove departamentos (estados) bolivianos, Morales venceu em seis (Chuquisaca, La Paz, Cochabamba, Oruro, Potosí e Pando), perdeu em dois (Santa Cruz e Beni) e houve empate técnico em Tarija.
Em Santa Cruz de la Sierra, capital do departamento mais rico do país (Santa Cruz) e principal foco de oposição a Evo Morales, o clima é tenso. A Unión Juvenil Cruceñista (tropa aliada ao governo local) tentou invadir o comando da polícia local na última sexta-feira e agrediu o comandante, segundo a ABI.
O governo Morales descartou a possibilidade de militarizar a cidade. O prefeito do estado de Santa Cruz, Rubén Costas, exigiu o controle da polícia e fez pesadas críticas a Evo Morales. Costas, que insiste em ser chamado de "governador", cargo que não existe na Bolívia, anunciou que enviou assim chamada Assembléia Legislativa departamental um projeto de lei para criar um órgão ou instituição para "defender e proteger todos os 'cruceños'".
Sobre o comandante policial, que pediu baixa alegando problemas de saúde após as agressões sofridas, Costas disse que agora ele terá de ficar sob suas ordens. O prefeito também chamou Evo Morales de "mal nascido" e "criminoso".
Bolsonaro e mais 36 indiciados por suposto golpe de Estado: quais são os próximos passos do caso
Bolsonaro e aliados criticam indiciamento pela PF; esquerda pede punição por “ataques à democracia”
A gestão pública, um pouco menos engessada
Projeto petista para criminalizar “fake news” é similar à Lei de Imprensa da ditadura