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Bolívia

Referendo dá a Evo Morales fôlego para impor sua "revolução"

Os governadores da oposição boliviana podem ter conseguido ratificar seus mandatos nos Departamentos de Santa Cruz, Beni, Pando e Tarija (a chamada Meia Lua) no referendo revogatório do dia 10, mas no final da semana passada os representantes do governo só tinham olhos para o que para eles era um número mágico: 67,4%. Segundo os resultados oficiais, divulgados na sexta-feira, o presidente Evo Morales obteve o apoio desses dois terços da Bolívia na consulta. Ele venceu em seis das nove regiões bolivianas (incluindo quatro governadas por opositores) e é com tal respaldo que agora pretende apostar alto em seu polêmico "projeto revolucionário" - que inclui o fim da proibição da reeleição presidencial, a reforma agrária, a ampliação dos direitos indígenas e a consolidação das nacionalizações.

"Você agora é ouro, Evo. Eu sou prata", disse o presidente venezuelano, Hugo Chávez, que comparou a vitória do colega com o seu triunfo no referendo revogatório de 2004. Mesmo antes da divulgação oficial dos resultados, Evo já anunciava que logo será convocado um referendo sobre o projeto de Constituição aprovado por parlamentares governistas. Ele se disse disposto a dialogar com a oposição, mas uma primeira tentativa, na quinta-feira, foi um fracasso completo.

O problema, dizem os analistas, é que as diferenças entre os dois grupos vão muito além das reivindicações por mais autonomia e da briga por recursos. Evo tem um ambicioso projeto para "refundar a Bolívia" e um terço do país não está disposto a tolerar isso. "A oposição, por exemplo, não quer permitir que Evo acabe com o fim da proibição para a reeleição e fique no poder por mais um período", diz o cientista político Carlos Cordero. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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