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O presidente da Bolívia, Evo Morales, queixou-se nesta segunda-feira pela intensa atividade eleitoral no país, a qual o obrigou a ir às urnas seis vezes desde a sua primeira eleição em 2005, e prometeu desacelerar o processo após os sufrágios do domingo passado, os quais não foram tão favoráveis ao seu partido Movimento ao Socialismo (MAS) como ele esperava. Segundo dados divulgados pelas emissoras de televisão e reproduzidos pelo site da estatal Agência Boliviana de Informação (ABI), o MAS e seus aliados conquistaram os governos de 6 dos 9 departamentos (estados) do país, mas perderam 7 das 10 maiores prefeituras da Bolívia. Ocorreram eleições em 337 municípios, segundo a ABI.

A Corte Nacional Eleitoral irá divulgar os resultados oficiais em dez dias. O MAS ganhou os departamentos de La Paz, Potosí, Oruro, Cochabamba, Pando e Chuquisaca, mas perdeu em Santa Cruz, Tarija e Beni. A oposição liderada pelos governadores autonomistas, os mais duros rivais de Morales, manteve os governos dos três departamentos com economia mais forte, entre eles Santa Cruz, além das prefeituras das suas capitais. Além disso, a oposição conquistou a prefeitura da capital do país, La Paz, que ficou nas mãos de Luis Revilla, de um partido dissidente da esquerda boliviana. A prefeitura de Trinidad (capital de Beni) ficou com o ex-militar conservador Moisés Shiriqui. A oposição também conquistou as prefeituras das cidades de Potosí, Sucre e Oruro. Evo Morales é natural do departamento de Oruro.

O MAS conquistou as prefeituras de El Alto, Cochabamba e Cobija. Resultados oficiais serão divulgados dentro de dez dias.

Não obstante, Evo disse na noite de domingo que seu partido foi o vencedor, mas não aconteceram festas como nas cinco últimas eleições, vencidas com folga pelo MAS e seus aliados. O mandatário boliviano se mostrou mais conciliador e disse que "os opositores devem entender que não existe como parar essa mudança Se não se unirem a nós, pelo menos contribuam para que o povo vença".

"Evo não perdeu, mas as suas expectativas eram maiores", disse o analista político Gonzalo Mendieta. Evo foi reeleito em dezembro passado, para um mandato até 2015, com quase 65% dos votos, e ele próprio antecipou uma vitória contundente nas eleições regionais.

A vitória parcial da oposição "abre um novo capítulo para reconduzir o processo cidadão a partir de Santa Cruz e alcançar um equilíbrio" político na Bolívia, disse o líder autonomista Carlos Dabdoub, de Santa Cruz.

Segundo ele, novas forças políticas estão se consolidando a partir das regiões e elas farão frente ao ainda forte MAS, que se apresenta como único partido nacional.

"Houve uma reação dos cidadãos contra a política agressiva de Morales, a imagem dele continua intacta, só que o mapa do poder mudou", disse o analista político Carlos Cordero.

Se os resultados do domingo se confirmarem, os departamentos de Santa Cruz, Beni e Tarija continuarão a ser a pedra no sapato de Morales. A confrontação entre o presidente e os governadores de oposição dessas regiões, nos últimos anos, acentuou a polarização política na Bolívia.

Mas se Morales mostrou-se conciliador no domingo, o governador reeleito de Santa Cruz, Rubén Costas, também adotou uma postura parecida. Em discurso, Costas fez um pedido a um "pacto de concórdia" e disse que o governo de Evo deve ver esse gesto como "uma mão aberta."

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