O ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, sinalizou nesta quinta-feira (18) que os novos acontecimentos em Honduras podem levar o governo do Brasil a rever sua posição em relação ao país caribenho. Desde o golpe de Estado, em junho do ano passado, o governo brasileiro considerou ilegítimas as eleições, realizadas em junho, e que deram a vitória a Porfirio "Pepe" Lobo.
Amorim se referia aos esforços de Lobo para restabelecer a ordem no país e o acordo para que ex-presidente Manuel Zelaya, que havia sido deposto em junho, não sofresse ameaças ao deixar a Embaixada do Brasil no mês passado. Zelaya está provisoriamente na Costa Rica.
O assunto será tema de reunião entre os dias 21 e 23 - do Grupo do Rio, em Cancún, no México. "Vamos ver como essas condições evoluem", afirmou Amorim, ao participar de um debate sobre temas internacionais promovido pelo Congresso do PT em Brasília. Estavam presentes havia representantes de vários países. "Essas condições [em Honduras} não se fazem em um dia."
As condições, mencionadas por Amorim referem-se às alternativas sugeridas pela comunidade internacional para que Honduras seja reintegrada à Organização dos Estados Americanos (OEA) e retome as relações políticas com o Brasil, o Chile, a Venezuela, a Bolívia, o Equador e a Argentina.
Para parte da comunidade internacional, "Pepe" Lobo deve garantir que serão arquivadas as denúncias contra Zelaya e seus correligionários e realizar esforços para a unidade nacional e a busca pela unidade interna pelas vias democráticas. Na prática, os países querem garantias de que não há riscos, nem ameaças de um novo golpe de Estado no país.
O golpe de Estado em Honduras, em 28 de junho de 2009, foi resultado de um conjunto de forças formado por integrantes das Forças Armadas, do Congresso Nacional e da Suprema Corte. O então presidente Zelaya foi deposto e deixou o país. Depois, em 21 de setembro, retornou a Honduras e ficou abrigado na Embaixada do Brasil em Tegucigalpa.
O Brasil condenou o golpe, rechaçando o episódio como um atentado às forças democráticas. Para o governo brasileiro, as eleições que deram vitória a "Pepe" Lobo só poderiam ser reconhecidas como legítimas se tivessem ocorrido com a restituição de Zelaya ao poder. No entanto, isso não ocorreu, e o processo foi conduzido pelo então presidente Roberto Micheletti, apontado como golpista pelo governo brasileiro.
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