Duvalier, o “Baby Doc” (de terno), é escoltado até um tribunal haitiano: ele está sendo investigado por corrupção| Foto: Hector Retamal/AFP

Porto Príncipe - Escoltado por policiais mas sem algemas, o ex-ditador do Haiti Jean-Claude Duvalier, o "Baby Doc’’, deixou seu hotel de luxo ontem em Porto Príncipe em di­­reção a um tribunal haitiano, on­­de foi interrogado. Ele foi posteriormente liberado e retornou ao hotel. Segundo seu advogado, "Ba­­by Doc’’ enfrenta acusação de corrupção e desvio de fundos du­­rante seu regime (1971-1986).

CARREGANDO :)

Duvalier, a quem se atribuem também supostos crimes de lesa humanidade, voltou ao Haiti de maneira inesperada no domingo, após 25 anos de exílio na Fran­­ça. O retorno, em meio à crise po­­lítica do país, provocou uma on­­da de críticas de ex-perseguidos políticos e de ONGs de direitos humanos, que exigem que ele seja detido e processado.

Duvalier não tinha impedimentos legais para voltar ao país. Segundo as informações disponíveis, ele não respondia a ações na Justiça. Agora, porém, intelectuais e ex-vítimas do regime prometem apresentar demandas contra o ex-ditador. Na se­­gunda-feira, a jornalista Michele Montas, ex-porta-voz do secretário-geral da ONU Ban Ki-moon, anunciou que abriria um processo contra ele. "Temos provas suficientes’’, disse Montas, que agora é funcionária da Minustah, a missão da paz da ONU no Haiti, chefiada militarmente pelo Brasil.

Publicidade

A Anistia Internacional classificou de "positiva", mas insuficiente, a "detenção" de "Baby Doc". Cobrou que, além dos desvios fi­­nanceiros, se investigue a respon­­sabilidade de Duvalier "em uma infinidade de violações de direitos humanos’’.

Segundo rádios locais, grupos de simpatizantes de Duvalier fi­­zeram barricadas de lixo próximo ao tribunal onde o ex-ditador se encontra, em Porto Príncipe. De acordo com assessoria do braço militar da Minustah, não houve incidentes.

Política

Na avaliação das forças de paz, a presença de "Baby Doc" é um te­­ma sensível, mas a definição so­­bre a eleições presidenciais ainda é o tema de maior preocupação. O Haiti espera que as autoridades eleitorais anunciem os resultados do controvertido primeiro turno, realizado em 28 de setembro.

O Conselho Eleitoral Pro­­visório (CEP) deve dizer se acei­­ta ou não documento de uma comissão da OEA que recomenda que o segundo turno seja decidido entre dois opositores. O candidato governista ficaria de fora. Num movimento que sinalizaria um en­­dosso tácito, o presidente Re­­né Préval encaminhou o in­­forme ao CEP.

Publicidade