O ex-primeiro-ministro britânico Gordon Brown acusou nesta segunda-feira o empresário Rupert Murdoch de manipular um inquérito governamental sobre a ética nos meios de comunicação, ao prestar um depoimento inverídico acusando Brown de ter ameaçado uma guerra contra o conglomerado midiático de Murdoch.
"Essa conversa nunca aconteceu. Estou chocado e surpreso de que isso possa ter sido sugerido", disse Brown ao inquérito. "Essa ligação não aconteceu, a ameaça não foi feita."
Sob juramento, Murdoch declarou ao inquérito que em setembro de 2009 recebeu um telefonema de Brown prometendo vingança contra o apoio declarado pelo tabloide Sun ao Partido Conservador, de oposição a Brown.
"Bem, sua empresa declarou guerra ao meu governo, e não temos alternativa senão fazer guerra contra a sua empresa", teria dito Brown, segundo Murdoch. Questionado sobre como um premiê em exercício poderia se portar assim, o empresário declarou: "Não acho que ele estivesse em um estado mental muito equilibrado".
A Reuters teve acesso a declarações de cinco assessores de Brown, entregues no ano passado a um órgão regulador, que disseram ter acompanhado o telefonema e negaram que as ameaças tenham ocorrido. Eles declararam que o telefonema aconteceu em novembro de 2009, e não em setembro, como disse Murdoch.
A empresa News Corp., de Murdoch, não se pronunciou sobre os desmentidos.
O inquérito britânico foi encomendado pelo governo conservador depois da revelação de que o extinto tabloide News of the World, que pertencia a Murdoch, espionou as caixas postais telefônicas de centenas de pessoas.
O escândalo abalou a reputação do poderoso Murdoch, e em maio uma CPI britânica considerou que o magnata de origem australiana não estaria qualificado para comandar uma grande companhia de abrangência global.