O ex-presidente francês Jacques Chirac será levado a julgamento no ano que vem para responder por acusações de desvio de verbas na época em que era prefeito de Paris, mais de 15 anos atrás, disse a Justiça na sexta-feira.

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O ex-presidente, que foi prefeito da capital entre 1977 e 1995, quando se elegeu presidente, é acusado de pagar salários a 21 funcionários fantasmas. Será o primeiro ex-chefe de Estado francês a ser julgado penalmente desde a fundação da Quinta República, há mais de meio século.

O processo, que tem outros réus, foi iniciado em 2009, ao fim dos 12 meses de imunidade aos quais Chirac teve direito após deixar a Presidência. Originalmente previsto para novembro, o julgamento foi adiado para março/abril de 2011, disse o tribunal na sexta-feira.

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Chirac, de 77 anos, disse que irá acompanhar o julgamento, embora não seja obrigado a fazê-lo. Seu advogado Georges Kiejman disse a jornalistas que está esperançoso de que a saúde do ex-presidente lhe permita acompanhar o processo.

Chirac não tem problemas de saúde graves que sejam conhecidos, mas a imprensa vem descrevendo-o como "cansado" e "deprimido." Ele vive em Paris e dirige uma fundação que leva seu nome.

O tribunal pode condenar Chirac a dez anos de prisão, multa de 150 mil euros e dez anos de perda dos direitos políticos. A Prefeitura de Paris, autora inicial do processo, retirou a queixa depois de um acordo com o partido UMP para a devolução de 1,7 milhão de euros (2,3 milhões de dólares), enquanto o próprio Chirac pagaria meio milhão de euros.

Mas um advogado que representa um grupo de cidadãos contribuintes diz que vai assumir a queixa, embora não tenha apresentado procuração para tal. Pelo sistema jurídico francês, um réu pode ser condenado mesmo se não houver uma parte acusadora.

Complicando ainda mais as coisas, o promotor do caso disse que não há provas suficientes que justifiquem a condenação de Chirac. O juiz responsável, no entanto, decidiu manter o julgamento mesmo assim.

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Há outros nove réus no processo, inclusive um ex-chefe de gabinete de Chirac, um ex-líder sindical e um neto de Charles de Gaulle, todos acusados no pagamento de salários para amigos e protegidos.

Em 2007, Chirac disse a investigadores que assumia a responsabilidade pelas contratações ilegais, mas negava qualquer enriquecimento ilícito.