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Entrevista

Exame nas vítimas pode indicar se armas químicas foram usadas

Como os inspetores da ONU poderão comprovar que houve um ataque de armas químicas?

É possível comprovar, mas apenas de forma indireta. No ar, não resta mais nada do gás letal usado, que tem efeito de 30 minutos até poucas horas, dependendo da quantidade usada. Mas as armas químicas podem ser comprovadas através do exame dos metabólitos que são produtos de decomposição da substância usada que ficam no organismo da vítima. Mesmo anos depois do ataque, é possível identificá-lo.

O senhor já trabalhou para a Organização ­para a Proibição de Armas Quí­micas e tem uma experiência de 30 anos na área. Até que ponto havia indícios concretos de que o regime de Assad trabalhava na produção de armas químicas?

Sabemos que já nos anos de 1970 o regime sírio começou a trabalhar no desenvolvimento de armas químicas bem como em sistema de uso desses gases, que são liberados em um determinado lugar através de foguetes. Por outro lado, é provável, mas não existe certeza, que o ataque foi praticado pelo governo. Levando em consideração o número de vítimas, eu diria que o ataque não foi praticado por amadores. Mas também os rebeldes dispõem de um exército. Muitos vieram do exército sírio, de onde poderiam ter trazido essas armas.

Os inspetores da ONU vão ter apenas duas semanas para examinar todos os aspectos. É bastante?

É. Porque eles precisam fazer a coletas de provas para exames que podem ser realizados mais tarde em laboratórios independentes. Em geral, os exames precisam ser feitos em dois laboratórios distintos.

Todas as armas químicas deixam no corpo da vítima um produto de decomposição com o qual é possível identificá-la mais tarde? Quais são os sintomas?

Em geral sim. Cada arma química deixa no corpo da vítima vestígios de uma característica própria. Mesmo nos mortos é possível verificar qual foi a arma química usada. A morte ocorre de forma muito dolorosa. Há câimbras e dificuldade de respiração. Depois as vítimas são acometidas de contrações, entram em estado de incontinência de urina e de fezes e morrem por insuficiência respiratória.

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