Soldados turcos, apoiados pela Força Aérea e por helicópteros militares, conduziram hoje uma grande ofensiva no sudeste do país, um dia após parlamentares curdos terem declarado a autonomia unilateral da região e mais de uma dezena de militares serem mortos por insurgentes.
Após as preces desta sexta-feira, o primeiro-ministro da Turquia Recep Tayyip Erdogan, afirmou que a violência dos insurgentes curdos, na região de Diyarbakir, não conseguirá nada. "O que eles fizeram não nos levará à mesa (de negociações)", disse Erdogan. "Se eles quiserem fazer a paz, só existe uma coisa para isso: as organizações terroristas precisam depôr as armas", afirmou o primeiro-ministro, em um discurso feito em Istambul e transmitido pela televisão.
A oposição turca também condenou a insurgência. "Esse foi um ato praticado por aqueles que desejam começar uma guerra civil", disse o parlamentar opositor Akif Hamzacelebi. A ofensiva militar em curso envolve centenas de tropas de elite, enviadas por Ancara para a região de fronteira com o Iraque. O governo não informou se ocorreram baixas.
Ontem, insurgentes curdos atacaram forças turcas em Diyarbakir, deixando 13 soldados e 7 rebeldes mortos. Foi o episódio mais violento envolvendo as guerrilhas curdas em três anos. Logo depois, legisladores curdos declararam a autonomia, o que levou a vários protestos anti-curdos em outras regiões da Turquia. Uma bomba incendiária foi jogada contra um escritório fechado de um partido político curdo na noite de ontem em Ancara, capital turca.
A ação dos insurgentes e a declaração unilateral dos parlamentares curdos ocorreram algumas horas após o governo turco e o principal partido político curdo terem fracassado em um acordo para acabar com o boicote mantido por parlamentares da etnia curda ao Parlamento da Turquia. Os parlamentares curdos afirmam que não tomarão posse das cadeiras em Ancara até que cinco políticos pró-curdos sejam libertados.
Os cinco são acusados de terem laços com o Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK, na sigla em curdo), considerado uma organização terrorista. Eles também exigem que o parlamentar Hatip Dicle - acusado de possuir ligações com o mesmo PKK - possa tomar posse da cadeira para a qual foi eleito no Parlamento.
Os curdos representam cerca de 20% dos 74 milhões de habitantes da Turquia. A minoria se queixa de discriminação e desde 1984 o PKK conduz uma guerra contra o governo de Ancara. As informações são da Associated Press.