Tegucigalpa - O avião que levava ontem o presidente hondurenho deposto, Manuel Zelaya, não pode pousar em Tegucigalpa, capital do país. O Exército bloqueou a pista para impedir o pouso da aeronave, que seguiu para Manágua, capital da Nicarágua.
Outro avião que acompanhava Zelaya, levando a presidente da Argentina, Cristina Fernández de Kirchner, o presidente do Equador, Rafael Correa, e o secretário-geral da Organização dos Estados Americanos (OEA), José Miguel Insulza, seguiu para El Salvador.
Em entrevista à Telesur, Zelaya relatou que o pouso era "totalmente impossível" porque havia caminhões do Exército espalhados pela pista.
Morte
Grupos de policiais e soldados estavam estacionados na pista e no perímetro do aeroporto enquanto dezenas de milhares de simpatizantes de Zelaya protestavam nas proximidades. Pelo menos uma pessoa morreu durante os confrontos entre as forças de segurança e simpatizantes do presidente deposto. Foi a primeira morte desde que Zelaya foi deposto, há oito dias. Outros três manifestantes ficaram gravemente feridos, segundo jornalistas presentes no local.
Desde as primeiras horas da manhã, os manifestantes começaram a se reunir nos arredores da Universidade Pedagógica. Dali, iniciaram uma marcha em direção ao aeroporto internacional de Tegucigalpa. Por volta do meio-dia, já chegavam a vários milhares.
No início da tarde, a poucas quadras do aeroporto, a marcha foi retida durante cerca de uma hora por uma barreira policial. Após negociações entre os organizadores e as forças de segurança, a marcha foi autorizada a passar, ocupando todas as vias de acesso.
Por volta das 16 h, perto do horário previsto para a aterrissagem de Zelaya, manifestantes entraram em confronto com policiais e militares que faziam a segurança do aeroporto.
Em Tegucigalpa, apenas duas emissoras, o canal 11 e a CNN, transmitiam as imagens do confronto. Por volta das 16h30 locais, no entanto, o governo tirou todos os canais do ar. Nas emissoras locais, foi retransmitida uma entrevista com Micheletti, realizada horas antes.
Nessa entrevista, Micheletti acusou a Nicarágua de enviar tropas até a fronteira com o país, afirmação negada pelo presidente Daniel Ortega, aliado de Zelaya.