Um minuto antes de o mais forte terremoto já registrado no Japão começar a causar destruição no norte do país, serviços de alerta do sistema nacional de detecção sismológica já avisavam à população sobre a tragédia. Isso foi possível graças a um sistema com mais de mil sismógrafos espalhados pelo país, prontos para reagir em caso de tremor. Por sua localização em meio a falhas tectônicas, o arquipélago japonês está sujeito a fortes e regulares abalos, o que cria uma cultura de segurança e reação a tremores, e uma preocupação permanente com a possibilidade de um forte abalo, o "Grande Tremor", que devastaria o país.

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A principal teoria sobre um grande tremor que arrasaria o Japão foi apresentada em 1976 sob o nome de Terremoto Tokai. A teoria defende que a área que dá nome a ela, onde fica a cidade de Shizuoka, está sujeita a ser foco de um tremor de grande magnitude.

"Não seria surpreendente se um terremoto de larga escala acontecesse amanhã na área de Tokai, centrado em torno da cidade de Shizuoka", disse Katsuhiko Ishibashi, da faculdade de Ciência na Universidade de Tóquio. A ideia se baseava no fato de que, por sua localização, a região de Tokai havia sofrido terremotos muito fortes a cada 100 ou 150 anos, o que provavelmente voltaria a acontecer.

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Por mais que todo o Japão tenha uma grande preocupação com abalos sísmicos, desde que a tese foi divulgada, a prefeitura da cidade começou um forte trabalho de prevenção e medidas de minimização de danos em caso de tremores de terra. A publicação da teoria transformou a região, e fez com que o preparo para lidar com o tremor fosse prioridade das prefeituras.

Mesmo passados 35 anos desde a divulgação da teoria, a prefeitura de Shizuoka realiza estudos anuais sobre a situação da cidade em relação à possibilidade de um grande tremor. No estudo divulgado no ano passado (disponível em inglês na internet), sismólogos do país são citados alegando que o perigo era iminente. "A ocorrência de um Terremoto Tokai é mais provável a cada dia", dizia o relatório.

A previsão do terremoto é o principal foco do trabalho da cidade. Os estudos mais recentes alegam que o tremor de Tokai poderia deixar até 5.000 mortos e 85 mil feridos, mas que a previsão e a prontidão poderia baixar este número para menos de mil vítimas.

Tokai fora de lugar

Mesmo com toda a preparação da região de Tokai para lidar com terremotos, o abalo mais forte registrado na história do país aconteceu nesta sexta-feira (11), mas em outra parte do país, mais ao norte.

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O terremoto ocorreu em uma região menos sujeita a abalos tão fortes, segundo o jornal "Washington Post", e sismólogos ouvidos pela reportagem alegam que o tremor deixa claro que mesmo todo o alerta do mundo é incapaz de prever com perfeição a ocorrência de terremotos no mundo. Um dos pesquisadores chamou o terremoto desta semana de "banho de água fria" sobre o conhecimento já acumulado sobre o risco de terremotos, e um outro geólogo disse que a área de pesquisa está sujeita a encarar um "jogo de adivinhação".